EUA enviam investigadores a Santos para averiguar acidente que matou Campos
O NTSB (National Transportation Safety Board), órgão norte-americano que investiga acidentes aéreos, enviou um investigador a Santos para acompanhar os trabalhos de apuração sobre o acidente que matou o candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB) na última quarta-feira (13).
O investigador, Tim Monville, chegou a Santos nesta sexta-feira (15), acompanhado de técnicos da FAA (Federal Aviation Administration), equivalente dos Estados Unidos à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Com ele também vieram funcionários da Cessna, fabricante do avião no qual Campos e outras seis pessoas viajavam.
De acordo com nota emitida pelo NTSB, o envio do investigador e dos técnicos da FAA e da Cessna ocorreu porque a fabricante do Citation 560XL que caiu em Santos é norte-americana.
Ainda de acordo com a nota, o Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos) é que coordena as investigações sobre o caso. Foi o Cenipa que notificou o NTSB sobre o acidente.
Esta não será a primeira vez que o NTSB investigará um acidente envolvendo o modelo Citation 560XL. Entre 2010 e 2011, o órgão norte-americano investigou possíveis defeitos no avião que causavam a formação de gelo na cauda da aeronave.
Eduardo Campos morre em acidente com avião no litoral de São Paulo
Bombeiro trabalha em varredura da área em que caiu o avião onde estava o candidato à Presidência da República pelo PSB, Eduardo Campos, em Santos (SP) Corpo de Bombeiros/Divulgação
De acordo com a investigação feita pelo NTSB em 2011, os pilotos do Citation 560XL poderiam não perceber a formação de gelo na parte traseira e o problema só seria detectado quando ele precisasse alinhar o avião com a pista no momento da aterrissagem ou durante uma manobra.
O relatório do NTSB foi enviado para a FAA (Federation Aviation Administration), órgão que controla e regula o transporte aéreo nos Estados Unidos, equivalente à Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Em março de 2012, a FAA emitiu um comunicado para a Cessna, fabricante da aeronave, requerendo modificações no sistema de drenagem de água na cauda dos aviões do modelo Citation 560XL.
Nesta sexta-feira (15), a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) informou que o órgão tinha conhecimento do problema que afeta as aeronaves do mesmo modelo utilizado pela comitiva de Eduardo Campos.
Segundo o órgão, o avião que caiu em Santos havia sido submetido às alterações requeridas pela recomendação do órgão de avião norte-americano e voava de acordo com as normas de segurança brasileiras.
Veja possíveis razões para gravador não registrar áudio de avião de Campos
O áudio do gravador de voz do avião que caiu em Santos (SP) e matou Eduardo Campos e mais seis não corresponde às comunicações do voo que resultou no acidente na última quarta-feira (13). Por alguma falha no equipamento, que pode ter sido elétrica ou de software, entre outros motivos, o gravador não estava funcionando e não pode revelar o que foi conversado na cabine na hora do desastre.
O gravador de voz, que fica dentro da caixa-preta, é acionado quando o motor da aeronave é ligado e registra as falas do piloto e do co-piloto e do som ambiente da cabine. O equipamento grava o áudio das duas últimas horas de voo da aeronave e é desativado quando o motor é desligado. O conteúdo da gravação vai se sobrepondo à medida que novos voos são realizados.
Por uma falha, o último voo do jato onde estava Campos não fez isso. O equipamento tem duas horas gravadas de outros voos. A Aeronáutica ainda não identificou a quais voos o áudio se refere.
Para Adalberto Febeliano, consultor da Abear (Associação Brasileira de Empresas Aéreas), pode ter ocorrido um problema na fonte elétrica que alimenta o gravador ou no software da memória que armazena as comunicações da cabine. Ele também afirma que pode ter acontecido uma falha no microfone, mas que este motivo é menos provável, já que há dois – um do piloto e um do co-piloto - em cada avião e, neste caso, seria necessário que os dois falhassem ao mesmo tempo.
"Esse equipamento [gravador de voz] não é de segurança, não precisa fazer um 'check' para decolar", defende Febeliano. O especialista explica que o gravador de voz de cabine só é necessário quando um acidente acontece e ele é utilizado na investigação para identificar as possíveis causas. O equipamento, no entanto, não entraria na lista de checagem de segurança que o piloto é obrigado a fazer antes de cada voo. O equipamento deve ser checado de acordo com o tempo determinado pelo fabricante ou quando acusasse problema no painel da aeronave.
Os especialistas consultados pelo UOL não souberam confirmar se o modelo de avião usado por Campos possuía um aviso no painel sobre uma possível falha no gravador.
Segundo Rodrigo Spader, diretor do Sindicato dos Aeronautas e piloto de linha aérea comercial, pode ter ocorrido também uma falha no sistema que aciona o equipamento, como uma forma de gatilho, além de problemas no próprio gravador.
Gustavo Cunha Mello, especialista em gerenciamento de risco, afirma que duas hipóteses podem explicar o fato de o gravador não registrar as vozes da cabine. Para ele, houve falha na manutenção do equipamento ou ele estava desligado durante o voo.
Chefe do Departamento de Engenharia Aeronáutica da USP São Carlos, o professor Fernando Catalano estranhou o fato de a FAB ter revelado que não encontrou a gravação do dia 13.
"Será que já conseguiram acessar todas as trilhas da memória [da caixa-preta]?", questionou Catalano. "Acredito que é cedo para tirar conclusões", afirmou. "Ainda acho que é possível acessar as informações [do voo], mas pode ser que elas não sejam decisivas".
O líder do PSB na Câmara, deputado Beto Albuquerque (RS) ligou para o ministro da Defesa, Celso Amorim para pedir explicações sobre a notícia de que o áudio disponível na caixa-preta não corresponde ao voo do acidente.
A FAB (Força Aérea Brasileira) informou que está apurando os motivos que geraram a falha do gravador de voz da aeronave.
O jato usado pelo candidato também não tinha outro equipamento importante para investigar e conseguir informações sobre os últimos instantes do voo, o gravador de dados, que registra altitude, velocidade, fluxo de combustível, entre outras informações.
Investigação
O Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), órgão da FAB, é o responsável pela investigação sobre as causa do acidente. A Polícia Federal também está participando das apurações sobre o caso.
A Aeronáutica afirma que o gravador é um dos elementos da investigação e que a perícia tem outros elementos que auxiliam na reconstrução dos problemas que levaram o avião a cair em área residencial em Santos.
Três peritos do Cenipa estão em Santos para coletar e organizar os destroços do avião para serem analisados. De acordo com a Aeronáutica, a perícia deve ser feita na base aérea de Santos, mas não há confirmação precisa sobre onde os destroços serão examinados.
Os técnicos do Cenipa ainda vão analisar a documentação sobre atividade profissional do piloto para avaliar se ele possuía treinamento adequado à aeronave e estava sofrendo de fadiga, por exemplo. Também vão examinar a histórico do avião para detectar possíveis problemas.
A FAB informou que já solicitou ao Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), vinculado à Auronáutica, a transcrição da conversa entre piloto e controlador de voo do dia do acidente.
Não há prazo para que a perícia sobre as causas do acidente seja concluída.
Veja itens investigados em acidentes aéreos
Caixa-preta
É um equipamento que grava conversas de tripulantes na cabine no gravador de voz e também registra dados do voo como velocidade e altitude no gravador de dados. As informações são analisados pelo Labdata (Laboratório de Leitura e Análise de Dados de Gravadores de Voo) da Aeronáutica. Apesar do nome, a caixa é laranja. Normalmente fica localizada na parte traseira da aeronave. Foto: FAB/EFE
Avaliação de danos e coleta de dados
Ao chegar no laboratório, é feita análise dos danos causados à caixa-preta com o impacto do acidente. O equipamento é desmontado para que seja possível acessar a memória do gravador. O Cenipa, órgão da Aeronáutica, também entra em contato com a operadora da aeronave para obter informações sobre o modelo de gravador de dados para ajudar na perícia. Foto: Johann Peschel/BEA/Reuters
Leitura do gravador de voz
O gravador de voz (cockpit voice recorder, ou CVR) registra as conversas de rádio entre o avião e os órgãos de controle de tráfego aéreo, as comunicações entre piloto e tripulação e o som ambiente da cabine. Em geral, o equipamento grava as duas últimas horas de voo, e os últimos 30 minutos em alta definição. Após ouvir as gravações, os investigadores fazem a transcrição das vozes para análise. Foto: Silva Junior/Folhapress
Análise do gravador de dados
O equipamento (flight data recorder, ou FDR) monitora dados de altitude, velocidade, potência dos motores, fluxo de combustível, entre outros parâmetros. A legislação determina que o equipamento tenha capacidade para coletar, no mínimo, 29 parâmetros. O avião do acidente de Campos não possuía esse equipamento, segundo a FAB Foto: Divulgação
Animação
Um software faz a leitura do gravador de dados e produz uma animação computadorizada para representar as condições enfrentadas pela aeronave antes do acidente. A animação utiliza o áudio obtido pelo gravador de voz da caixa-preta. Essa animação se assemelha a um simulador de voo, pois o objetivo é reproduzir o que aconteceu durante o acidente e entender as possíveis causas. Foto: Marcel Vincenti/UOL
Fonte: FAB (Força Aérea Brasileira)
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Eduardo Campos morre em acidente com avião no litoral de São Paulo
14.ago.2014 - Funcionários retiram material de campanha de comitê das candidaturas de Eduardo Campos (PSB) à Presidência e Paulo Câmara (PSB) ao governo do Estado de Pernambuco, no Recife, nesta quinta-feira (14) Fernando Frazão/Agência Brasil
Fonte:http://eleicoes.uol.com.br/2014/noticias/2014/08/15/entenda-os-possiveis-motivos-de-o-gravador-nao-registrar-audio-do-acidente.htm
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