PROPAGANDA ELEITORAL NO BRASIL 2014 : HOMENAGEM A CAMPOS,AÉCIO SOMBRIO,DILMA EM VERSÃO AUTO-AJUDA

(Foto: Estadão Conteúdo)
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Estreia na TV tem homenagem a Campos, Aécio sombrio e Dilma em versão autoajuda



No Brasil de Aécio Neves, tudo está errado, mas a culpa não é do brasileiro. O Brasil de Aécio Neves tem o fundo escuro e a população envelhecida, cansada e entregue ao desânimo. A mensagem do candidato tucano à Presidência é ouvida pelo rádio por cidadãos sisudos e preocupados. "Os brasileiros estão sozinhos", diz o senador mineiro, enquanto a câmera percorre o sertão e encontra uma mulher com dificuldades para carregar um balde de água em um ambiente tomado pela aridez.
O cenário de caos predominou no programa de estréia do candidato tucano. Neste cenário, o que vinha bem já não funciona. Nenhuma expressão foi tão usada como as variações da palavra "erro". Apesar de tudo, sejam bem-vindos, dizia o slogan do tucano, em um aceno aos três quartos dos eleitores que manifestam o desejo de mudanças nas pesquisas eleitorais.

Corta a cena e o que se sente é um choque térmico. Saem os velhos, entram os novos, os jovens nascidos nos anos 2000 a correr felizes em direção ao infinito. A alegria é intercalada por tomadas aéreas da safra, das hidrelétricas, das plataformas de petróleo.

Em meio ao cenário paradisíaco aparece a candidata à reeleição. De branco, com brinco de pérola discreto. Nada de vermelho. A candidata parece abrir as portas do palácio para a revista Caras. Ela aparece trabalhando. Correndo com a cachorra. Lendo. Escrevendo. COZINHANDO. Vendo fotos da família. Conversando entre risos enquanto passeia pelos jardins do Planalto, a sede oficial do governo (pode isso, produção?).

O tom da conversa lembra as lições para ser feliz em um livro de autoajuda. "Não pode se abalar com a dificuldade". "Quem é pessimista não dá o primeiro passo". "É preciso matar um leão por dia". (atrás de mim, em uma lanchonete do centro de São Paulo, um cliente comenta com o outro: "Acho que ela não tá matando nem gatinho, viu").

No Brasil de Dilma Rousseff, a crise foi controlada, os salários e os empregos foram preservados, os investimentos seguem a mil, os jovens têm a porta aberta para o mercado graças a programas como o Pronatec.

Só então aparece o ex-presidente Lula, seu maior cabo eleitoral. De branco, calmo, com todo tempo do mundo (mais que o dobro dos adversários) para contar causos. Lula lembrou que, em 2006, muitos deram a ele um novo voto de confiança sem convicção. "Muitos estavam insatisfeitos, mas ninguém se arrependeu. Mais experiente, meu segundo governo foi muito melhor", gabou-se. "Já pensou o prejuízo se qualquer outro tivesse interrompido tantos projetos?" Já pensou se o medo tivesse vencido a esperança?

E tome imagens da presidenta: feliz, sorridente, nos braços do povo, posando para selfies.
Lula teve tempo ainda de prestar homenagem ao ex-governador Eduardo Campos, morto na última quarta-feira, 13 de agosto, em um acidente de avião. "Sua luta sempre foi e continuará a ser a nossa luta."

Como esperado, Campos foi a estrela da propaganda do PSB, que ainda não oficializou a candidatura de Marina Silva. Imagens de sua campanha foram apresentadas. Ao fim, sua última frase, dada em entrevista ao Jornal Nacional na véspera de sua morte, foi lembrada: "Não vamos desistir do Brasil". Campos foi lembrado também na propaganda do candidato do PV, Eduardo Jorge, que se resumiu a uma carta lida por um narrador sem imagens de cobertura e pelo tucano Aécio Neves, que destacou ter trajetória e "sonhos parecidos" com o antigo adversário.

Quarto colocado nas pesquisas, o Pastor Everaldo, do PSC, mostrou a que veio em seu curto tempo de exposição. Pelas mãos do pastor Silas Malafaia, que abriu seu programa, prometeu defender as famílias e a vida desde a sua concepção. Declarou guerra às drogas e prometeu estabelecer a ordem em um país onde os cidadãos de bem estão presos dentro de casa e os bandidos, soltos no mundo. Se José Luiz Datena não tinha candidato, agora tem.


Fonte:https://br.noticias.yahoo.com/blogs/matheus-pichonelli/

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