Dilma vai ao sacrifício em nome da vitória de Lula em 2018
Dilma tem o currículo político mais pobre de todos os presidentes de nossa história democrática do pós-guerra.Fala-se que Jânio Quadros foi uma aventura, mas se esquecem que ele já havia sido prefeito da cidade e governador do Estado de São Paulo. Collor também já tinha história. Filho de um ex-governador e ex-senador, havia sido prefeito de Maceió, deputado federal e governador de Alagoas antes de assumir a presidência em 1990.
Dilma era uma figura de segundo escalão até se tornar Ministra das Minas e Energias de Lula em 2002. Antes disso havia sido Secretária da Fazenda de Porto Alegre e Secretária de Minas, Energias e Comunicações do Rio Grande do Sul. Era uma burocrata ligada ao PDT e não uma política. Em 2010 seria eleita a primeira presidente do Brasil sem ter disputado nem eleição pra síndica de prédio.
Foi Lula quem a bancou. A linha sucessória natural do PT havia desandado. Petistas graúdos foram abatidos em pleno vôo (Dirceu e Genoíno), outros já tinham uma imagem algo desgastada de derrotas em eleições locais (Marta Suplicy e Mercandante), sobrou a alternativa de criar uma candidata do barro e soprar-lhe a vida política nas narinas.
Deu certo.
Mas nessa vida tudo tem um preço. E agora é hora da criatura pagar tributos ao criador.
Por isso Dilma está investindo no seu desgaste, arquitetando sua queda.
O discurso de esquerda não combina com o ajuste ortodoxo promovido por Levy.
E pior de tudo, o ajuste em curso só provoca estragos políticos no curto prazo. Para reduzir a inflação é preciso gerar ainda mais inflação, por conta da necessidade do realismo tarifário no caso da luz e da gasolina, por exemplo. Fácil de entender entre os economistas, difícil de ser engolido por Dona Maria.
Para resolver o problema das contas públicas é preciso aumentar impostos. Já que reduzir gastos está fora de questão.
Para resolver o desequilíbrio externo é preciso deixar o dólar se desvalorizar, o que empobrece o brasileiro (pois reduz o poder de compra dos salários) e joga mais fogo na inflação.
E para reduzir a inflação, é preciso aumentar juros, que é como puxar o freio-de-mão de uma economia que já estava desacelerando.
A geração de emprego e o aumento dos salários - coisa que garantiu sua reeleição por uma margem estreita - já estão em trajetória de baixa.
Dilma está sem discurso e sem ter o que mostrar.
Dilma desagrada a direita por ser Dilma, desagrada a esquerda por fazer uma política econômica tipicamente ortodoxa, e desagrada o eleitor apartidário que está vendo sua renda cair por conta da inflação, do câmbio e dos impostos. O cenário é lúgubre. Diz-se que pesquisas internas indicam uma queda brutal em sua aprovação, com apenas 7% de ótimo/bom, bem abaixo dos 23% registrados no último Datafolha.
João Goulart sofreu do mesmo mal. Em 1963 tentou agradar à direita e aos moderados com um plano econômico que previa aumento de impostos e tarifas, redução de subsídios, redução nos aumentos de salário, etc (o Plano Trienal de Celso Furtado). Como não agradou a direita e desagradou seus entusiastas, resolveu no final tentar uma guinada brusca de volta à esquerda, numa última tentativa de se salvar.
Para Dilma só restam duas alternativas: 1 - Como Goulart, ela desiste do ajuste ortodoxo no meio do caminho, e tenta agradar seus partidários de esquerda, ou; 2 - Aceita "sangrar" (como disse Aloysio Nunes) até o final do mandato, mantendo o ajuste ortodoxo de forma a permitir que a economia volte aos eixos, doa a quem doer.
Se optar (1) os resultados tenderão a ser desastrosos, dada a temperatura do debate político atual. Além disso, essa estratégia pode provocar sérios estragos na imagem do PT e na sua competitividade eleitoral de curto e médio prazo. Custou muito ao PT entrar para o status quo, abandoná-lo é inimaginável.
Se optar por (2), agonizará em praça pública até o final do mandato, com a esperança de botar a casa e ordem e preparar terreno para a volta de Lula em 2018.
Nesse caso, Dilma sairá pelas portas dos fundos do Palácio do Planalto e se tornará uma espécie de Figueiredo, cujo único desejo era o de ser esquecido.
O PT está apostando todas suas fichas em (2). Acreditam que a economia entrará em trajetória de normalidade ao final do mandato Dilma, o que reduziria sua avaliação negativa, e deixaria o caminha mais fácil para a vitória de Lula.
Vitória que eles têm como certa, já que não haveria nenhum líder político de oposição com o nível de carisma e popularidade de Lula.
A ver.
Em todo caso, Dilma Vana Rousseff já é ex-presidente do Brasil desde 26 de outubro de 2014.
Fonte:http://www.brasilpost.com.br/alexandre-andrada/dilma-vai-ao-sacrificio-e_b_6864588.html
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