'SLEEPING GIANTS AMBIENTAL' EXPÕE MARCAS ATRELADAS A MANIFESTO EM FAVOR DE RICARDO SALLES

Campanha destrincha marcas e empresas por trás de associações que endossam Salles.

Campanha destrincha marcas e empresas por trás de associações que endossam Salles.

‘Sleeping Giants ambiental’ expõe marcas atreladas a manifesto em favor de Ricardo Salles


ONGs replicam tática do perfil que mostra anunciantes de sites com fake news para denunciar marcas ligadas a associações que apoiam “desburocratização” pregada por ministro do Meio Ambiente

Diante do vendaval causado no meio corporativo pela chegada do Sleeping Giants ao Brasil, perfil que denuncia nas redes sociais empresas que anunciam em sites de extrema direita e notícias falsas, a estratégia de expor marcas e empresas nas redes sociais começa a ganhar corpo em outras frentes. Nesta terça-feira, organizações ambientais lançaram o movimento “Nome aos bois”, a fim de identificar companhias que, indiretamente, endossam um manifesto contra a “burocracia que devasta o meio ambiente”. O documento, publicado em anúncio de jornal, foi feito em apoio às ações do Ministério do Meio Ambiente, após a divulgação do vídeo de uma reunião em que o ministro Ricardo Salles diz ao presidente Jair Bolsonaro que o Governo deve aproveitar a “oportunidade” da pandemia para avançar a pauta de desregulamentação do setor. Ou, em suas palavras, “ir passando a boiada e simplificando normas [ambientais] (...) de baciada”. O manifesto é assinado por associações comerciais que representam mais de 70 empresas.
Com reprodução de tática semelhante à do Sleeping Giants, perfis como o do Greenpeace BrasilObservatório do Clima e ClimaInfo publicaram no Twitter o nome das empresas vinculadas às associações que assinam o manifesto pró-Salles, veiculado em anúncio da Folha de S. Paulo, utilizando as hashtags #NomeAosBois e #essaboiadanãovaipassar. Entre as marcas expostas estão BRF, Batavo, Friboi, Qualy, Marfrig, Pedigree, Royal Canin, Sadia, Turma da Mônica e Whiskas, representadas pela Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo), Associação Brasileira de Reciclagem Animal (ABRA) e Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), além de Avon, Natura e O Boticário, que fazem parte da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC).
Em menos de 24 horas da campanha, algumas entidades e empresas se manifestaram depois do alerta nas redes sociais. “Em conjunto com a Natura, repudiamos esta declaração de apoio [ao Ministério do Meio Ambiente]. Não aprovamos ou sequer fomos consultadas sobre este anúncio. É extremamente necessário manter o respeito à legislação e reforçar os instrumentos de fiscalização ambiental diante do atual cenário”, respondeu a Avon, marca do Grupo Natura, expressando discordância com o apoio às medidas de desregulamentação propostas por Salles. Já o Grupo Boticário informou que “não apoia qualquer ação que desestimule a preservação do meio ambiente, o desenvolvimento sustentável ou que desrespeite o marco legal do país. Acreditamos que contribuir com o futuro é parte importante dos compromissos que o setor privado deve assumir”, sem especificar, entretanto, se endossou o manifesto assinado pela ABIHPEC (veja atualização no fim da matéria).

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