EUROPA PLANEJA ISOLAR BRASIL NA CÚPULA DO CLIMA DA ONU PARA IMPEDIR QUE GOVERNO BOLSONARO BLOQUEIE ACORDO
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Europa planeja isolar Brasil na Cúpula do Clima da ONU para impedir que governo Bolsonaro bloqueie acordo
Para técnicos europeus, o Brasil de Bolsonaro faz propostas irracionais, e ninguém acredita que cumprirá as metas anunciadas este ano pelo presidente, entre outras, em matéria de redução das emissões de carbono — foi antecipado de 2060 para 2050 o objetivo de atingir a neutralidade de carbono, isto é, a compensação de todas emissões de gases causadores do efeito estufa).
A Casa Branca tem uma visão mais otimista e, nos últimos meses, buscou uma aproximação institucional com o governo Bolsonaro. Em Washington, a avaliação é de que, dependendo do desempenho do Brasil na COP-26, as relações bilaterais podem melhorar. Na UE, a expectativa é nula.
A estratégia do bloco foi explicada em detalhes pela fonte europeia. O que a UE tentará fazer em Glasgow é deixar o Brasil sozinho. Para isso, estão tentando convencer pesos pesados, como China e Índia. Chineses e indianos não defendem as posições do Brasil como próprias, mas resistem à tática do isolamento. Nas conversas com os europeus, pedem que haja mais paciência com o Brasil, mas não há sinais de que esteja dando certo.
—Acreditamos que a única saída para garantir que da COP-26 saiam acordos [que devem ser por consenso] importantes é que o isolamento obrigue o Brasil a fazer algumas concessões. O país precisa se sentir acuado — disse a fonte europeia.
Os Estados Unidos dão a impressão de pensar diferente. Por enquanto, só falam nos ganhos que o Brasil poderá ter caso se comporte bem, sem mencionar eventuais punições por tropeços. Em Washington, a avaliação é de que, dependendo do desempenho do Brasil na COP-26, as relações bilaterais podem melhorar.
Uma das posições defendidas pelos negociadores brasileiros que a UE considera inadmissível é a chamada contabilidade dupla, que permitiria a um país vender reduções excedentes de suas emissões de carbono, e ao país que as comprasse contabilizá-las como reduções próprias. O Brasil também pede para ser compensado pelos países mais ricos por administrar a Amazônia. O problema com o governo Bolsonaro, diz o negociador europeu, é que “qualquer cobrança da comunidade internacional tem como resposta uma reação agressiva e sem sentido”.
O lado de Brasília
Fontes do governo Bolsonaro costumam colocar a situação da seguinte maneira: os países mais desenvolvidos fazem exigências ao Brasil, sem terem, eles mesmos, feito o dever de casa. A mesma posição é defendida por países como China, Rússia e Índia, entre outros. A diferença, apontaram fontes da UE, é que o Brasil é o único que faz demandas impossíveis de serem aceitas, e tornou-se uma pedra no sapato de acordos globais.
Ao lado das delegações oficiais à COP-26, ONGs, como a espanhola Ambientalistas em Ação, estão se preparando para receber Bolsonaro com acusações pesadas, entre elas a de ser um “criminoso climático”, afirmou Javier Andaluz, coordenador de clima e energia do grupo.
— Bolsonaro é responsável por crimes contra o meio ambiente. Ele quer acabar com a integridade climática — afirma Andaluz.
A péssima imagem do Brasil de Bolsonaro é assunto de debate frequente no Parlamento Europeu. Um dos discursos mais inflamados dos últimos meses foi o do eurodeputado Miguel Urbán, do movimento radical Anticapitalistas, que também antecipa um cenário difícil para a delegação brasileira na cúpula.
— Enquanto ele for presidente, nenhuma política do governo brasileiro sobre meio ambiente terá legitimidade — disse.
Sob enorme pressão da comunidade internacional e de pesos pesados nacionais, inclusive grandes empresas e bancos, o governo brasileiro irá para COP-26 com uma proposta descrita por fontes oficiais como “proativa e construtiva”. O conteúdo ficará pronto nos próximos dias, mas os pontos altos do discurso são a regulamentação do mercado de carbono o fim do desmatamento ilegal até 2030 — meta traçada ainda no governo de Dilma Rousseff, no marco do Acordo de Paris, e reiterada por Bolsonaro na cúpula sobre o clima organizada pelo americano Joe Biden em abril.
A intenção do governo é apresentar o Brasil preocupado com a sustentabilidade e disposto a combater o desmatamento ilegal. Os representantes brasileiros dirão que o país cumpriu uma promessa importante, que foi dobrar o Orçamento dos órgãos de defesa ambiental, e anunciou que será aberto concurso público para a contratação de mais de 700 fiscais encarregados de combater o desmate ilegal na Amazônia.
Fonte:https://oglobo.globo.com/mundo/epoca/europa-planeja-isolar-brasil-na-cupula-do-clima-da-onu-para-impedir-que-governo-bolsonaro-bloqueie-acordo-25221970?utm_source=globo.com&utm_medium=oglobo
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