© Fiona Watson/Survival
Os Povos Indígenas Yanomami do Brasil
Os Yanomami são um dos maiores povos indígenas relativamente isolados da América do Sul. Eles vivem nas florestas e montanhas do norte do Brasil e sul da Venezuela.
Como a maioria dos povos indígenas do continente, os Yanomami provavelmente migraram pelo Estreito de Bering entre a Ásia e a América cerca de 15.000 anos atrás, seguindo lentamente para a América do Sul. Hoje, sua população total é de cerca de 38.000 indígenas.
Com mais de 9,6 milhões de hectares, o território Yanomami no Brasil é o dobro do tamanho da Suíça. Na Venezuela, os Yanomami vivem na Reserva da Biosfera Alto Orinoco-Casiquiare, de 8,2 milhões de hectares. Juntas, essas regiões formam o maior território indígena coberto por floresta de todo o mundo.
Há milhares de anos, os Yanomami vivem prosperamente na floresta amazônica.
Mas atualmente enfrentam a ameaça da destruição de sua terra pela intensa presença de garimpeiros ilegais.
Os Yanomami estão lutando pela proteção de sua terra e contra o genocídio.
Os Yanomami
Os Yanomami primeiramente entraram em contato direto com invasores na década de 1940 quando o governo brasileiro enviou equipes para delimitar a fronteira com a Venezuela.
Logo depois, o Serviço de Proteção aos Índios (SPI) do governo e grupos religiosos missionários se estabeleceram no território Yanomami. Este fluxo de pessoas levou às primeiras epidemias de sarampo e gripe, resultando na morte de muitos Yanomami.
© Steve Cox/Survival
No início dos anos 70, o governo militar decidiu construir uma estrada cortando a Amazônia ao longo da fronteira norte. Sem aviso prévio, tratores percorreram a comunidade Yanomami de Opiktheri. Duas aldeias inteiras desapareceram em decorrência das doenças trazidas pelos invasores.
Os Yanomami continuam a sofrer com os impactos devastadores e duradouros da estrada que trouxe colonos, doenças e o álcool. Hoje, os fazendeiros de gado e os colonos usam a estrada como um ponto de acesso para invadir e desmatar a terra Yanomami.
Modo de vida
© Dennison Berwick/Survival
Os Yanomami vivem em grandes casas comunais circulares chamadas de “yanos” ou “shabonos”. Algumas podem acomodar até 400 pessoas. A área central é utilizada para atividades tais como rituais, festas e jogos.
Cada família tem sua própria fogueira onde o alimento é preparado e cozido durante o dia. À noite, as redes são penduradas próximas ao fogo, que é alimentado durante toda a noite para manter uma boa temperatura.
Os Yanomami acreditam fortemente na igualdade entre as pessoas. Cada comunidade é independente das outras e eles não reconhecem “chefes”. As decisões são tomadas por consenso, frequentemente após longos debates, onde todos têm o direito à palavra.
Como a maioria dos povos amazônicos, as tarefas são divididas de acordo com o gênero. Os homens caçam animais, como queixadas, antas, veados e macacos, e muitas vezes usam o curare (um extrato de planta) para envenenar suas presas.
© Fiona Watson/Survival
Embora as caças equivalham a apenas 10% dos alimentos dos Yanomami, a sua prática entre os homens é considerada a mais prestigiada das habilidades e a carne é muito valorizada por todos.
Nenhum caçador come a carne que matou. Em vez disso, ele a compartilha entre amigos e familiares. Em troca, ele receberá a carne de outro caçador.
As mulheres são encarregadas das roças onde cultivam cerca de 60 culturas que correspondem a cerca de 80% dos seus alimentos. Elas também colhem nozes, mariscos e larvas de insetos. O mel selvagem também é muito valorizado e os Yanomami colhem 15 tipos diferentes.
© Claudia Andujar/Survival
Tanto os homens como as mulheres pescam e o timbó, veneno de peixe, é usado em viagens de pesca comunitária. Grupos de homens, mulheres e crianças batem cipós tóxicos que flutuam sobre a água. O líquido atordoa os peixes que sobem para a superfície da água e são coletados nas cestas. Eles usam nove espécies de videira apenas para envenenar os peixes.
Os Yanomami têm um enorme conhecimento botânico e utilizam cerca de 500 plantas como alimentos, remédios, para a construção de casas e de outros artefatos. Eles se sustentam em parte pela caça, coleta e pesca, mas as roças também são cultivadas em roças amplas localizadas na floresta. Como o solo amazônico não é muito fértil, um novo jardim é criado a cada dois ou três anos.
Xamanismo e festas
‘Você vê as coisas, você sonha, você conhece o xapiripë [espíritos]. Os xamãs podem curar as doenças da floresta.’ – Davi Kopenawa sobre o xamanismo
O mundo espiritual é uma parte fundamental da vida dos Yanomami. Toda criatura, pedra, árvore e montanha tem um espírito. Às vezes estes são malevolentes; eles atacam os Yanomami e acredita-se que causam doenças.
Os xamãs controlam esses espíritos inalando um rapé alucinógeno chamado yakoana. Através de suas visões e em um estado de transe, eles encontram os espíritos ou xapiripë.
O xamã Davi Kopenawa explica:
‘Só quem conhece os xapiripë pode vê-los porque são muito pequenos e brilhantes como a luz. Há muitos, muitos xapiripë, milhares de xapiripë como estrelas. Eles são bonitos e decorados com penas de papagaio e pintados com urucum e outros têm oraikok, outros usam brincos e tintura preta e dançam muito bonito e cantam de forma diferente.’
© Claudia Andujar/Survival
Como é típico de caçadores-coletores e agricultores itinerantes, os Yanomami levam em média menos de quatro horas de trabalho por dia para satisfazer todas suas necessidades materiais. Muito tempo é deixado para atividades sociais e de lazer.
Visitas entre as comunidades são frequentes. Cerimônias são realizadas para marcar os eventos, tais como a colheita do fruto da pupunheira e o reahu (festa de funeral), que celebra a morte de um indivíduo.
Os Yanomami isolados
Os Yanomami relatam ter visto Yanomami isolados, que chamam de ‘Moxihatetea’. A Hutukara divulgou fotos aéreas e vídeos de seus yano – as casas comunitárias.
© Guilherme Gnipper Trevisan/FUNAI/Hutukara
Os Moxihatetea vivem na região do território Yanomami que possui a maior concentração de garimpeiros ilegais, alguns dos quais operam a apenas quilômetros de distância dos yano.
© Survival
O contato com os garimpeiros poderia ser muito perigoso para os Moxihatetea, já que conflitos violentos poderiam acontecer. Além do mais, os garimpeiros trazem malária e outras doenças que poderiam matar os Moxihatetea que não têm imunidade contra doenças comuns. Em 2018, os Yanomami exigiram que as autoridades investigassem relatos de que garimpeiros assassinaram dois Moxihatetea. Mas nenhum garimpeiro foi investigado pela justiça.
Devido a cortes do governo, a FUNAI fechou sua base perto dos Moxihatetea. Um promotor ordenou que a FUNAI a reabrisse.
O Davi Kopenawa disse: ‘Tem muitos índios isolados. Não conheço eles, mas sei que o sofrimento deles é o mesmo que o nosso… Quero ajudar os meus irmãos isolados que são do nosso sangue… É muito importante os isolados poderem morar na terra deles.’
A corrida do ouro e o genocídio
Durante a década de 1980, os Yanomami sofreram imensamente quando cerca de 40.000 garimpeiros brasileiros invadiram suas terras. Os garimpeiros atiravam neles, destruíam muitas aldeias, e os expuseram às doenças para as quais não tinham imunidade. Em apenas sete anos, vinte por cento dos Yanomami morreram.
Depois de uma longa campanha internacional liderada por Davi Kopenawa Yanomami, pela Survival e pela Comissão Pró Yanomami (CCPY), a terra Yanomami no Brasil foi finalmente demarcada em 1992 e ficou conhecida como Parque Yanomami, e os garimpeiros foram expulsos.
© Colin Jones/Survival
No entanto, após a demarcação, os garimpeiros voltaram para a área, provocando tensões. Em 1993, um grupo de garimpeiros entrou na aldeia de Haximu e assassinou 16 Yanomami, incluindo um bebê.
Depois de um clamor nacional e internacional, um tribunal brasileiro condenou cinco garimpeiros por genocídio. Apenas dois deles estão cumprindo sentenças na prisão.
Este é um dos poucos casos, em todo o mundo, onde um tribunal condenou os réus por genocídio.
A invasão de garimpeiros à terra Yanomami continua. A situação na Venezuela é muito séria, e alguns Yanomami têm sido envenenados e expostos a ataques violentos. As autoridades pouco têm feito para resolver estes problemas.
Os indígenas no Brasil ainda não têm assegurados os direitos à propriedade sobre as suas terras. O governo se recusa a reconhecer a propriedade das terras indígenas, apesar de ter assinado a Lei Internacional (Convenção 169 da OIT) que lhes garante o direito à terra. Além disso, várias pessoas dentro do cenário político brasileiro gostariam de ver o território Yanomami reduzido e aberto à mineração, a pecuária e a colonização.
Ademais, o exército brasileiro construiu quartéis em comunidades Yanomami, o que tem aumentado a tensão no local. Os soldados têm prostituído mulheres Yanomami, algumas das quais foram infectadas com doenças sexualmente transmissíveis.
Ameaças recentes
Milhares de garimpeiros trabalham ilegalmente na terra Yanomami, transmitindo doenças mortais, como a malária, e poluindo os rios e as florestas com mercúrio. Pecuaristas também estão invadindo e desmatando a fronteira leste de suas terras.
A saúde dos Yanomami está debilitada e os serviços médicos essenciais não chegam a eles, especialmente na Venezuela.
O Congresso Nacional brasileiro está debatendo um projeto de lei que, se aprovado, irá autorizar a mineração em grande escala em territórios indígenas. Isso será extremamente prejudicial para os Yanomami e para os outros povos indígenas do Brasil.
Os Yanomami não foram devidamente consultados e têm pouco acesso à informação independente sobre os impactos da mineração.
Davi Kopenawa, porta-voz Yanomami e Presidente da Hutukara Associação Yanomami, adverte para os perigos:
‘Os Yanomami não queremos que o Congresso Nacional aprove nem que o Presidente assine esta lei. Nós não queremos aceitar esta lei.’
‘Tem que respeitar a nossa terra. A terra é patrimônio, patrimônio que protege nós.’
‘A mineração vai destruir a natureza. Vai destruir os igarapés e os rios, e matar todos os peixes e o meio ambiente- e vai matar nós índios. E vai trazer doenças que nunca antes existiam na nossa terra.’
Resistência e organização Yanomami
Como resultado do crescente contato e interação com pessoas de fora e confrontados com sérios ataques a seus direitos, os Yanomami formaram organizações regionais para defender seus direitos. Em 2004, os Yanomami de onze regiões do Brasil se reuniram para formar a sua própria organização, a Hutukara (que significa ‘a parte do céu de onde a terra nasceu’), para defender seus direitos e administrar seus próprios projetos. Os Yanomami na Venezuela formaram sua própria organização chamada Horonami em 2011 e os Yanomami em outras regiões dos dois países criaram organizações semelhantes.
Como a Survival ajuda?
A Survival apoia os Yanomami há décadas. Nós lideramos a campanha internacional pela demarcação do território Yanomami, juntamente com Davi Kopenawa e a ONG brasileira Comissão Pró Yanomami. Nós também apoiamos seus projetos de saúde e educação. Estamos lutando junto dos Yanomami e dos povos indígenas em todo o Brasil para que #PareOGenocídio.
Apesar dos repetidos pedidos dos Yanomami, as autoridades brasileiras não removem os garimpeiros ilegais, nem resolvem a crise da saúde. A saúde Yanomami está agora em risco, com a malária e outras doenças se espalhando.
Em 2020, lideranças do povo Yanomami lançaram a campanha global #ForaGarimpoForaCovid para pressionar o governo a expulsar 20.000 garimpeiros ilegais de sua terra durante a pandemia do coronavírus. A campanha teve o suporte de várias organizações indígenas e indigenistas do Brasil e do mundo, inclusive da Survival e de seus apoiadores.
Junte-se a nós:
- Envie um email para o governo e exija a interrupção do garimpo ilegal e da destruição do território dos Yanomami;
- Envolva-se! Use esse kit para fazer barulho e pressionar por mudanças.
© Victor Englebert/Survival
Fonte:https://www.survivalbrasil.org/povos/yanomami
POVOS INDÍGENAS DO BRASIL: OS YANOMANI
Kami Yamaki Urihipë, Nossa Terra-Floresta
Para os Yanomami, ''urihi'', a terra-floresta, não é um mero espaço inerte de exploração econômica (o que chamamos de “natureza”) Trata-se de uma entidade viva, inserida numa complexa dinâmica cosmológica de intercâmbios entre humanos e não-humanos. Como tal, se encontra hoje ameaçada pela predação cega dos brancos. Na visão do líder Davi Kopenawa Yanomami:
A terra-floresta só pode morrer se for destruída pelos brancos. Então, os riachos sumirão, a terra ficará friável, as árvores secarão e as pedras das montanhas racharão com o calor. Os espíritos xapiripë, que moram nas serras e ficam brincando na floresta, acabarão fugindo. Seus pais, os xamãs, não poderão mais chamá-los para nos proteger. A terra-floresta se tornará seca e vazia. Os xamãs não poderão mais deter as fumaças-epidemias e os seres maléficos que nos adoecem. Assim, todos morrerão."
Localização e população
Os Yanomami formam uma sociedade de caçadores-agricultores da floresta tropical do Norte da Amazônia cujo contato com a sociedade nacional é, na maior parte do seu território, relativamente recente. Seu território cobre, aproximadamente, 192.000 km², situados em ambos os lados da fronteira Brasil-Venezuela na região do interflúvio Orinoco - Amazonas (afluentes da margem direita do rio Branco e esquerda do rio Negro). Constituem um conjunto cultural e linguístico composto de, pelo menos, quatro subgrupos adjacentes que falam línguas da mesma família (Yanomae, Yanõmami, Sanima e Ninam). A população total dos Yanomami, no Brasil e na Venezuela, era estimada em cerca de 35.000 pessoas no ano de 2011.
No Brasil, a população yanomami era de 19.338 pessoas, repartidas em 228 comunidades (Sesai, 2011). A Terra Indígena Yanomami, que cobre 9.664.975 hectares (96.650 km²) de floresta tropical é reconhecida por sua alta relevância em termo de proteção da biodiversidade amazônica e foi homologada por um decreto presidencial em 25 de maio de 1992.
Nome
O etnônimo "Yanomami" foi produzido pelos antropólogos a partir da palavra yanõmami que, na expressão yanõmami thëpë, significa "seres humanos". Essa expressão se opõe às categorias yaro (animais de caça) e yai (seres invisíveis ou sem nome), mas também a napë (inimigo, estrangeiro, "branco"). Os Yanomami remetem sua origem à copulação do demiurgo Omama com a filha do monstro aquático Tëpërësiki, dono das plantas cultivadas. A Omama é atribuída a origem das regras da sociedade e da cultura yanomami atual, bem como a criação dos espíritos auxiliares dos pajés: os ''xapiripë ''(ou ''hekurapë''). O filho de Omama foi o primeiro xamã. O irmão ciumento e malvado de Omama, Yoasi, é a origem da morte e dos males do mundo.
Os brancos: napëpë
Uma narrativa mítica ensina que os estrangeiros devem também sua existência aos poderes demiúrgicos de Omama. Conta-se que foram criados a partir da espuma do sangue de um grupo de ancestrais Yanomami levado por uma enchente após a quebra de um resguardo menstrual e devorado por jacarés e ariranhas. A língua "emaranhada" dos forasteiros lhes foi transmitida pelo zumbido de Remori, o antepassado mítico do marimbondo comum nas praias dos grandes rios.
Para chegar a esta inclusão dos brancos numa humanidade comum, ainda que oriunda de uma criação "de segunda mão", os antigos Yanomami tiveram que viver um longo tempo de encontros perigosos e tensos com esses estranhos, que passaram a chamar de napëpë (“estrangeiros, inimigos”). De fato, a primeira visão que tiveram dos brancos foi de um grupo de fantasmas vindo de suas moradias nas "costas do céu" com o escandaloso propósito de voltar a morar no mundo dos vivos (a volta dos mortos é um tema mítico e ritual particularmente importante para os Yanomami).
Os antigos Yanomami
Por não possuírem afinidade genética, antropométrica ou lingüística com os seus vizinhos atuais, como os Ye'kuana (de língua karíb), geneticistas e lingüistas que os estudaram deduziram que os Yanomami seriam descendentes de um grupo indígena que permaneceu relativamente isolado desde uma época remota. Uma vez estabelecido enquanto conjunto lingüístico, os antigos Yanomami teriam ocupado a área das cabeceiras do Orinoco e Parima há um milênio, e ali iniciado o seu processo de diferenciação interna (há 700 anos) para acabar desenvolvendo suas línguas atuais.
Segundo a tradição oral yanomami e os documentos mais antigos que mencionam este grupo indígena, o centro histórico do seu habitat situa-se na Serra Parima, divisor de águas entre o alto Orinoco e os afluentes da margem direita do rio Branco. Essa é ainda a área mais densamente povoada do seu território. O movimento de dispersão do povoamento yanomami a partir da Serra Parima em direção às terras baixas circunvizinhas começou, provavelmente, na primeira metade do século XIX, após a penetração colonial nas regiões do alto Orinoco e dos rios Negro e Branco, na segunda metade do século XVIII. A configuração contemporânea das terras yanomami tem sua origem neste antigo movimento migratório.
Tal expansão geográfica dos Yanomami foi possível, a partir do século XIX e até o começo do século XX, por um importante crescimento demográfico. Vários antropólogos consideram que essa expansão populacional foi causada por transformações econômicas induzidas pela aquisição de novas plantas de cultivo e de ferramentas metálicas através de trocas e guerras com grupos indígenas vizinhos (Karib, ao norte e a leste; Arawak, ao sul e ao oeste), que, por sua vez, mantinham um contato direto com a fronteira branca. O esvaziamento progressivo do território desses grupos, dizimados pelo contato com a sociedade regional por todo o século XIX, acabou favorecendo também o processo de expansão yanomami.
Primeiros contatos
Até o fim do século XIX, os Yanomami mantinham contato apenas com outros grupos indígenas vizinhos.
No Brasil, os primeiros encontros diretos de grupos yanomami com representantes da fronteira extrativista local (balateiros, piaçabeiros, caçadores), bem como com soldados da Comissão de Limites e funcionários do SPI ou viajantes estrangeiros, ocorreram nas décadas de 1910 a 1940.
Entre os anos 1940 e meados dos anos 1960, a abertura de alguns postos do SPI e, sobretudo, de várias missões católicas e evangélicas, estabeleceu os primeiros pontos de contato permanente no seu território. Estes postos constituíram uma rede de pólos de sedentarização, fonte regular de objetos manufaturados e de alguma assistência sanitária, mas também, muitas vezes, origem de graves surtos epidêmicos (sarampo, gripe e coqueluche).
O tempo do desenvolvimento
Nas décadas de 1970 e 1980, os projetos de desenvolvimento do Estado começaram a submeter os Yanomami a formas de contato maciço com a fronteira econômica regional em expansão, principalmente no oeste de Roraima: estradas, projetos de colonização, fazendas, serrarias, canteiros de obras e primeiros garimpos. Esses contatos provocaram um choque epidemiológico de grande magnitude, causando altas perdas demográficas, uma degradação sanitária generalizada e, em algumas áreas, graves fenômenos de desestruturação social.
A estrada Perimetral Norte
As duas principais formas de contato inicialmente conhecidas pelos Yanomami - primeiro, com a fronteira extrativista e, depois, com a fronteira missionária - coexistiram até o início dos anos 1970 como uma associação dominante no seu território. Entretanto, os anos 1970 foram marcados (especialmente em Roraima) pela implantação de projetos de desenvolvimento no âmbito do “Plano de Integração Nacional” lançado pelos governos militares da época. Tratava-se, essencialmente, da abertura de um trecho da estrada Perimetral Norte (1973-76) e de programas de colonização pública (1978-79) que invadiram o sudeste das terras yanomami. Nesse mesmo período, o projeto de levantamento dos recursos amazônicos RADAM (1975) detectou a existência de importantes jazidas minerais na região.
A publicidade dada ao potencial mineral do território yanomami desencadeou um movimento progressivo de invasão garimpeira, que acabou agravando-se no final dos anos 1980 e tomou a forma, a partir de 1987, de uma verdadeira corrida do ouro.
Saiba mais
Veja aqui o mapa e caracterização socioambiental da Terra Indígena Yanomami
A corrida do ouro
Uma centena de pistas clandestinas de garimpo foi aberta no curso superior dos principais afluentes do Rio Branco entre 1987 e 1990. O número de garimpeiros na área yanomami de Roraima foi, então, estimado em 30 a 40.000, cerca de cinco vezes a população indígena ali residente. Embora a intensidade dessa corrida do ouro tenha diminuído muito a partir do começo dos anos 1990, até hoje núcleos de garimpagem continuam encravados na terra yanomami, de onde seguem espalhando violência e graves problemas sanitários e sociais.
Ameaças futuras?
A frente de expansão garimpeira tendeu, no fim da década de 1980, a suplantar as formas anteriores de contato dos Yanomami com a sociedade envolvente e até a relegar a segundo plano a fronteira dos projetos de desenvolvimento surgida nos anos 1970. Isto não significa, no entanto, que outras atividades econômicas (agricultura comercial, empreendimentos madeireiros e agropecuários, mineração industrial), ainda incipientes ou inexistentes, não possam constituir, no futuro, uma nova ameaça à integridade das terras yanomami, apesar de sua demarcação e homologação.
Assim, além do persistente interesse garimpeiro sobre a região, deve-se notar que quase 60% do território yanomami está coberto por requerimentos e títulos minerários registrados no Departamento Nacional de Produção Mineral por empresas de mineração públicas e privadas, nacionais e multinacionais.
Além disso, os projetos de colonização implementados nas décadas de 1970 e 1980 no leste e sudeste das terras yanomami criaram uma frente de povoamento que tende a expandir-se para dentro da área indígena (regiões de Ajarani e Apiaú) devido ao fluxo migratório direcionado para Roraima - tendência que poderá ser ampliada no futuro em conseqüência do apagamento dos limites da demarcação por um mega-incêndio que atingiu Roraima (1998).
Enfim, três bases militares do “Projeto Calha Norte” foram implementadas na Terra Yanomami desde 1985 (Pelotões Especiais de Fronteira/ PEF de Maturacá, Surucucus e Auaris, um quarto está previsto na região de Ericó), induzindo graves problemas sociais (prostituição) nas população locais, o que já suscitou protestos de lideranças yanomami de Roraima.
A casa, a aldeia
Os grupos locais yanomami são geralmente constituídos por uma casa plurifamiliar em forma de cone ou de cone truncado chamado yano ou xapono (Yanomami orientais e ocidentais), ou por aldeias compostas de casas de tipos retangulares (Yanomami do norte e nordeste).
Cada casa coletiva ou aldeia considera-se como uma entidade econômica e política autônoma (kami theri yamaki, "nós co-residentes") e seus membros preferem, idealmente, casar-se nesta comunidade de parentes com um(a) primo(a) "cruzado(a)", ou seja, o(a) filho(a) de um tio materno e uma tia paterna. Esse tipo de casamento é reproduzido o quanto possível entre as famílias numa geração e de geração em geração, fazendo da casa coletiva ou aldeia yanomami um denso e confortável emaranhado de laços de consangüinidade e afinidade.
O espaço social inter-aldeão
Porém, apesar desse ideal autárquico, todos grupos locais mantêm uma rede de relações de troca matrimonial, cerimonial e econômica com vários grupos vizinhos, considerados aliados frente aos outros conjuntos multicomunitários da mesma natureza. Esses conjuntos superpõem-se parcialmente para formar uma malha sócio-política complexa, que liga a totalidade das casas coletivas e aldeias yanomami de um lado ao outro do território indígena
O espaço social fora da casa coletiva ou da aldeia, consideradas como mônadas de parentesco próximo, é tido com desconfiança como o universo perigoso dos "outros" (yaiyo thëpë): visitantes (hwamapë), que, nas grandes cerimônias funerárias e de aliança intercomunitária reahu, podem causar doenças usando de feitiçaria para se vingar de insultos, avareza ou ciúme sexual; inimigos (napë thëpë), que podem matar, atacando a aldeia como guerreiros (waipë) ou feiticeiros (okapë); gente desconhecida e longínqua (tanomai thëpë), que pode provocar doenças letais mandando espíritos xamânicos predadores ou caçar o duplo animal rixi das pessoas (os rixi vivem nas matas remotas, longe de seu duplo humano); enfim, os "brancos" (napëpë), categoria paradoxal de estrangeiros (inimigos potenciais) próximos, diante dos quais temem-se as epidemias (xawara) associadas às fumaças produzidas por suas "máquinas" (maquinários de garimpo, motores de aviões e helicópteros) e à queima de suas possessões (mercúrio e ouro, papéis, lonas e lixo).
O uso dos recursos
O espaço de floresta usado por cada casa-aldeia yanomami pode ser descrito esquematicamente como uma série de círculos concêntricos. Esses círculos delimitam áreas de uso de modos e intensidade distintos.
O primeiro círculo, num raio de cinco quilômetros, circunscreve a área de uso imediato da comunidade: pequena coleta feminina, pesca individual ou, no verão, pesca coletiva com timbó, caça ocasional de curta duração (ao amanhecer ou ao entardecer) e atividades agrícolas. O segundo círculo, num raio de cinco a dez quilômetros, é a área de caça individual (rama huu) e da coleta familiar do dia-a-dia.
O terceiro círculo, num raio de dez a vinte quilômetros, é a área das expedições de caça coletivas (henimou) de uma a duas semanas que antecedem os rituais funerários (cremações dos ossos, enterros ou ingestões de cinzas nas cerimônias intercomunitárias reahu), bem como das longas expedições plurifamiliares de coleta e caça (três a seis semanas) durante a fase de maturação das novas roças (waima huu). Encontram-se também nesse "terceiro círculo" tanto as roças novas quanto as antigas, junto às quais se acampa esporadicamente – para cultivar nas primeiras, colher nas segundas – e em cujos arredores a caça é abundante.
Os Yanomami costumavam passar entre um terço e quase a metade do ano acampados em abrigos provisórios (naa nahipë) em diferentes locais dessa área de floresta mais afastada da sua casa coletiva ou aldeia.
Esse tempo de vida na floresta tende a diminuir quando se estabelecem relações de contato regular com os brancos, dos quais os Yanomami ficam dependentes para ter acesso a remédios e mercadorias.
Urihi, a terra-floresta
A palavra yanomami urihi designa a floresta e seu chão. Significa também território: ipa urihi, "minha terra", pode referir-se à região de nascimento ou à região de moradia atual do enunciador; yanomae thëpë urihipë, "a floresta dos seres humanos", é a mata que Omama deu para os Yanomami viverem de geração em geração; seria, em nossas palavras, "a terra yanomami". Urihi pode ser, também, o nome do mundo: urihi a pree, "a grande terra-floresta".
Fonte de recursos, urihi, a terra-floresta, não é, para os Yanomami, um simples cenário inerte submetido à vontade dos seres humanos. Entidade viva, ela tem uma imagem essencial (urihinari), um sopro (wixia), bem como um princípio imaterial de fertilidade (në rope).
Os animais (yaropë) que abriga são vistos como avatares dos antepassados míticos homens/animais da primeira humanidade (yaroripë) que acabaram assumindo a condição animal em razão do seu comportamento descontrolado, inversão das regras sociais atuais. Nas profundezas emaranhadas da urihi, nas suas colinas e nos seus rios, escondem-se inúmeros seres maléficos (në waripë), que ferem ou matam os Yanomami como se fossem caça, provocando doenças e mortes. No topo das montanhas, moram as imagens (utupë) dos ancestrais-animais transformadas em espíritos xamânicos xapiripë.
Os xapiripë foram deixados por Omama para que cuidassem dos humanos. Toda a extensão de urihi é coberta pelos seus espelhos onde brincam e dançam sem fim. No fundo das águas, esconde-se a casa do monstro Tëpërësik«, sogro de Omama, onde moram também os espíritos yawarioma, cujas irmãs seduzem e enlouquecem os jovens caçadores yanomami, dando-lhes, assim, acesso à carreira xamânica.
Outras leituras
O livro Urihi: A Terra-Floresta Yanomami, recém lançado pelo ISA em parceria com o Institut de Recherche pour le Développement (IRD), apresenta uma visão geral sobre o conhecimento florístico dos Yanomami com base em dados coletados em diferentes partes de seu território e em diferentes períodos. Esta publicação está à venda na Loja Virtual do ISA
Os espíritos xapiripë
A iniciação dos pajés é dolorosa e extática. Ao longo dela, inalando por muitos dias o pó alucinógeno yãkõana (resina ou fragmentos da casca interna da árvore Virola sp. secados e pulverizados) sob a condução dos mais antigos, aprendem a "ver/ conhecer" os espíritos xapiripë e a "responder" a seus cantos.
Os xapiripë são vistos sob a forma de miniaturas humanóides enfeitadas de ornamentos cerimoniais coloridos e brilhantes. Sua dança de apresentação é comparada à ruidosa e alegre chegada de grupos convidados, ricamente adornados, numa festa intercomunitária reahu. São, sobretudo, "imagens" xamânicas (utupë) de entes da floresta. Existem xapiripë de mamíferos, pássaros, peixes, batráquios, répteis, lagartos, quelônios, crustáceos e insetos. Existem espíritos de diversas árvores, espíritos das folhas, espíritos dos cipós, dos méis silvestres, da água, das pedras, das cachoeiras… Muitos são também "imagens" de entidades cósmicas (lua, sol, tempestade, trovão, relâmpago) e de personagens mitológicas. Existem também humildes xapiripë caseiros, como o espírito do cachorro, o espírito do fogo ou da panela de barro. Existem, enfim, espíritos dos "brancos" (os napënapëripë, mobilizados, por homeopatia simbólica, para combater as epidemias) e de seus animais domésticos (galinha, boi, cavalo).
O trabalho dos pajés
Uma vez iniciados, os pajés yanomami podem chamar até si os xapiripë, para que estes atuem como espíritos auxiliares. Esse poder de conhecimento/ visão e de comunicação com o mundo das “imagens/essencias vitais” (utupë) faz dos pajés os pilares da sociedade yanomami. Escudo contra os poderes maléficos oriundos dos humanos e dos não-humanos que ameaçam a vida dos membros de suas comunidades, eles são também incansáveis negociadores e guerreiros do invisível, dedicados a domar as entidades e as forças que movem a ordem cosmológica.
Controlam a fúria dos trovões e dos ventos de tempestade, a regularidade da alternância do dia e da noite, da seca e das chuvas, a abundância da caça, a fertilidade das plantações, sustentam a abóbada do céu para impedir sua queda (a terra atual é um antigo céu caído), afastam os predadores sobrenaturais da floresta, contra-atacam as investidas de espíritos agressivos de pajés inimigos e, principalmente, curam os doentes, vítimas da malevolência humana (feitiçarias, xamanismo agressivo, agressões ao duplo animal) ou não-humana (advinda dos seres maléficos në waripë).
Ver os espíritos xapiripë
Para desenvolver suas sessões, os pajés inalam o pó yãkõana, considerado como a comida dos espíritos. Sob seu efeito, dizem "morrer": entram num estado de transe visionário durante o qual "chamam" a si e "fazem descer" vários espíritos auxiliares, com os quais acabam identificando-se, imitando as coreografias e cantos de cada um em função da sua mobilização na pajelança (denignam-se os pajés como xapiri thëpë, "gente espírito"; o fazer pajelança diz-se xapirimu, "agir enquanto espírito"). Assim, quando "seus olhos morrem", os pajés adquirem uma visão/ poder que, ao contrário da percepção ilusória da "gente comum" (kua përa thëpë), lhes dá acesso à essência dos fenômenos e ao tempo de suas origens, portanto, à capacidade de modificar seu curso.
Fontes de informação
- ALBERT, Bruce. O corpo é uma bola de cristal para se ler o estado da sociedade e do mundo : entrevista. Tempo e Presença, Rio de Janeiro : Cedi, v. 13, n. 260, p. 25-6, nov./dez. 1991.
- -------. Developpement et securité nationale : les Yanomami face au projet Calha Norte. Ethnies, Paris : Survival International, n.11/12, p.116-27, 1990.
- -------. A fumaça do metal : história e representações do contato entre os Yanomami. Anuário Antropológico, Rio de Janeiro : Tempo Brasileiro, n. 89, p. 151-90, 1992.
- -------. Gold miners and Yanomami indians in the Brazilian Amazon : the Hashimu massacre. In: JOHNSTON, B. (Ed.). Who pays the price? The sociocultural context of environmental crisis. Washington : Island Press, 1994. p. 47-55.
- -------. Homologation des terres Yanomami. Ethnies, Paris : Survival International, v. 17, n. 29/30, p. 80-1, 2003.
- -------. Indian lands, environmental policy, and military geopolitics in the development of the Brazilian Amazon : the case of the Yanomami. Development and Change, The Hague : Institute of Social Studies, v. 23, n. 1, p. 35-70, 1992.
- -------. Indiens Yanomami et chercheurs d'or au Brésil: le massacre de Haximu. Journal de la Société des Américanistes, Paris : Société des Américanistes, v. 80, p. 250-7, 1994.
- -------. Le massacre de Haximu. Survival: Les Nouvelles, Paris : Survival International, n. 12, p. 1, 4-5, nov. 1993.
- -------. Le massacre de Haximu. Ethnies, Paris : Survival International, v. 17, n. 29/30, p. 16-25, 2003.
- -------. O massacre dos Yanomami de Haximu. In: RICARDO, Carlos Alberto (Ed.). Povos Indígenas no Brasil : 1991/1995. São Paulo : Instituto Socioambiental, 1996. p. 203-7.
- -------. L'Or cannibale et la chute du ciel : une critique chamanique de l'économie politique de la nature. L'Homme, Paris : École des Hautes Etudes en Sciences Soc., v. 33, n. 126/128, p. 349-78, abr./dez. 1993.
Publicado também na Série Antropologia da UnB n. 174, 1995.
- -------. O ouro canibal e a queda do céu : uma crítica xamânica da economia política da natureza (Yanomami). In: ALBERT, Bruce; RAMOS, Alcida Rita (Orgs.). Pacificando o branco : cosmologias do contato no Norte-Amazônico. São Paulo : Unesp, 2002. p. 239-76.
- -------. Pensée d'un sage, Davi, chamane Yanomami. In: MARTYNOW, A. Remiche; MADANES, G. Schneier (Eds.). Notre Amérique métisse : cinq cents ans après la conquête, les latino-américains parlent aux européens. Paris : La Découverte, 1992. p. 391-8.
- -------. Pesquisa e ética : o caso Yanomami (contribuições brasileiras a controvérsia sobre o livro Trevas no El Dorado). Brasília : CCPY, 2002. 133 p. (Documentos Yanomami, 2)
- ------- (Ed.). Research and ethics : the Yanomami case (Brazilian contributions to the Darkness in El Dorado controversy). Brasília : CCPY, 2001. 121 p. (Documentos Yanomami, 2)
- -------. Temps du sang, temps des cendres : representation de la maladie, system e rituel et espace politique chez les Yanomami du Sud-est. Paris : Univ. de Paris X, 1985. 833 p. (Tese de Doutorado)
- -------. Terra, ecologia e saúde indígena : o caso Yanomami. In: BARBOSA, Reinaldo Imbrozio; FERREIRA, Efrem Jorge Gondim; CASTELLON, Eloy Guillermo (Eds.). Homem, ambiente e ecologia no estado de Roraima. Manaus : Inpa, 1997. p. 65-84.
- -------. Terras indígenas, política ambiental e geopolítica militar no desenvolvimento da Amazônia : a propósito do caso Yanomami. In: LENÁ, Philippe; OLIVEIRA, Adélia Engrácia de (Orgs.). Amazônia : a fronteira agrícola 20 anos depois. Belém : MPEG, 1991. p. 37-58. (Coleção Eduardo Galvão)
- -------. Urihi : terra, economia e saúde Yanomami. Brasília : UnB, 1991. 45 p. (Série Antropologia, 119)
- ------- (Org.). Yama ki kwërimamouwi thë ã oni : palavras escritas para nos curar. São Paulo : CCPY ; Brasília : MEC/Pnud, 1997. 92 p.
- -------. Los Yanomamis en Brasil : nuevo gobierno, viejas amenazas. IWGIA: Asuntos Indígenas, Copenhagen : IWGIA, n. 2, p. 24-7, abr./jun. 1995.
- -------; CASTRO, M. B.; PFEIFFER, W. C. Mercury levels in Yanomami indians hair from Roraima-Brazil. In: FARMER, J. G. (Ed.). Heavy metals in the environment. Edinburgh : CEP Consultants, 1991. p. 367-70.
- -------; GOMEZ, Gale Goodwin. Saúde Yanomami : um manual etnolingüístico. Belém : MPEG, 1997. 304 p. (Coleção Eduardo Galvão)
- -------; MILLIKEN, William. Plantas medicinais dos Yanomami : uma nova visão dentro da etnobotânica de Roraima. In: BARBOSA, Reinaldo Imbrozio; FERREIRA, Efrem Jorge Gondim; CASTELLON, Eloy Guillermo (Eds.). Homem, ambiente e ecologia no estado de Roraima. Manaus : Inpa, 1997. p. 85-110.
- ALES, Catherine. Etnologie ou discours-ecrans? Fragments dus discours amoreux amormami. In: MASQUELIER, B.; SIRAN, J. L., eds. Pour une anthropologie de l'interlocution : les rhetoriques du quotidien. Paris : L'Harmattan, 1993.* -------. Violencia y orden social : conflitos y guerra entre los Yanomami de Venezuela. Folklore Americano, México : Instituto Panamericano de Geografia e Historia, n. 55, p. 75-106, jan./jun. 1993.
- ALVES, Márcio Moreira. No país dos ianomamis. Rev. Geográfica Universal, Rio de Janeiro : s.ed., n. 220, p. 4-15, abr. 1993.
- ANDUJAR, Cláudia. Welch offizielle lösung gibt es für die Yanomami in Brasilien? Überlegungen beim betrachten ihrer zeichnungen. In: MÜNZEL, Mark (Org.). Die mythen sehen : bilder und zeichen vom Amazonas. Frankfurt : Museum fur Volkerfunde, 1988. p. 53-92.
- APARÍCIO, Teresa. La lucha de los yanomami por su territorio : entrevista con Claudia Andujar, coordinadora del CCPY (Comisión para la Creación del Parque Yanomami). IWGIA: Boletín, Copenhagen : IWGIA, n. 1, p. 24-30, jan./mar. 1992.
- ATHIAS, Renato; BRANDÃO, Maria do Carmo; PAULA, Nilton Cezar de (Orgs.). Saúde indígena em São Gabriel da Cachoeira : uma abordagem antropológica. Recife : Liber Gráfica e Ed., 2002. 232 p.
- BALÉE, William L. People of the fallow : a historical ecology of foraging in lowland South America. In: REDFORD, Kent H.; PADOCH, Christine J. (Eds.). Conservation of neotropical forests. Nova York : Columbia University Press, 1992. p. 35-57.
- BARANDIARÁN, Daniel de. Mundo espiritual y shamanismo Sanema. Antropológica, Caracas : Fundación La Salle de Ciencias Naturales, n.15, p.1-28, dez. 1965.
- BARAZAL, Neuza Romero. O confronto comunidade e sociedade perante os direitos humanos : o caso Yanomami. São Paulo : USP, 1997. 209 p. (Dissertação de Mestrado)* -------. Yanomami : um povo em luta pelos direitos humanos. São Paulo : Edusp, 2001. 207 p.
- BARBOSA, Ely. Yanomami, um grito nas selvas. s.l. : Maltese, 1996. 530 p.
- BARRETO, Carlos Alberto Lima Mena. A farsa Ianomami. Brasília : Bibl. do Exercito Ed., 1996. 216 p.
- BASTOS, Jorge Henrique (Org.). A criação do mundo segundo os índios Ianomami. Lisboa : Hiena, 1994. 111 p. (Cão Vagabundo, 39)
- BEAUCAGE, P. Donner et prendre : Garifunas et Yanomamis. Anthropologie et Sociétés, s.l. : s.ed., v. 19, n. 1/2, p. 95-117, 1995.
- BERWICK, Dennison. Savages : the life and killing of the Yanomami. Toronto : MacFarlane Walter & Ross, 1992. 254 p.
- BEZERRA, A. J. C.; BEZERRA, A. S. A.; LOPES, A.C. et al. Anatomical terms of Yanomami indian translated into Portuguese and English. Rev. da Assoc. Med. Brasil., São Paulo : Associação Medica Brasileira, v. 40, n. 3, p. 179-85, jul./set. 1994.
- BIOCCA, Ettore. Yanoama : dal racconto di una donna rapita dagli indii. Bari : De Donato, 1965. 394 p.
- BORGES, Maria Inês Smiljanic. O corpo cósmico : o xamanismo entre os Yanomae do Alto Toototobi. Brasília : UnB, 1999. 218 p. (Tese de Doutorado)* -------. Das amazonas aos Yanomami : fragmentos de um discurso exotizante. Brasília : UnB, 1995. 84 p. (Dissertação de Mestrado)
- BRASIL : el gobierno dilata la expulsión de buscadores de oro. IWGIA: Asuntos Indígenas, Copenhagen : IWGIA, n. 4, p. 40-1, out./dez. 1996.
- BRASIL : portaria n. 580 que demarca o território da população indígena Yanomami. Anuário Indigenista, México : Instituto Indigenista Interamericano, v. 30, p. 461-71, dez. 1992.
- BRITO, Maria Edna de. Etno alfabetização Yanomama : da comunicação oral à escrita. São Paulo : M.E. Brito, 1996. 120 p.
- CARNEIRO, Robert L. Forest clearance among the Yanomamo : observations and implications. Antropológica, Caracas : Fundación La Salle de Ciencias Naturales, n. 52, p. 39-76, 1979.
- CARRERA, Javier. Apuntes para el análisis de la gestión del territorio Yanomami. IWGIA: Documento, Copenhague : IWGIA, n. 23, p. 160-74, 1998.
- CARVALHO, Jairo Jesus Mancilha. Estudo da pressão arterial de índios Yanomami. Rio de Janeiro : UFRJ, 1986. 89 p. (Tese de Doutorado)
- CASTRO, Lídia Montanha (Org.). Nape pe esikora e the a oni. São Paulo : CCPY, 1999. 11 p.* -------; ALBERT, Bruce (Orgs.). The a onini pihi moyamimaiwi siki. São Paulo : CCPY, 1998. 130 p.
- LA CATASTROPHE des Yanomamis : un aperçu, de 1979 à aujourd'hui. Recherces Am. au Québec, Montreal : Soc. de Recherches Amer. au Québec, v. 22, n. 4, p. 70-4, 1992/1993.
- CCPY. Haximu : foi genocídio!. Brasília : CCPY, 2001. 74 p. (Documentos Yanomami, 1)* -------. Nape urihihami proheso yanomae the pe kwamamowi siki. São Paulo : CCPY, 1999. 18 p.
- -------. Omamani urihi a hapa thaprariwi e the a oni. São Paulo : CCPY, 1999. 13 p.
- -------. Report on health work in the Yanomami Area, medical care and dental health : Area 15 (Demini Project) and other areas - January 1990 to May 1991. São Paulo : CCPY, 1991. 62 p.
- -------. Yama ki estutamouwi the a oni. São Paulo : CCPY, 2000. 22 p.
- CCPY. Programa de Educação. Nomeru pe kokamaiwi siki. São Paulo : CCPY, 1999. 60 p.* -------. Nomeru pe ukamaiwi siki. São Paulo : CCPY, 1999. 48 p.
- -------. Nomeruni pihi moyamimaiwi siki. São Paulo : CCPY, 1998. 85 p.
- CCPY; SECOYA. Pesquisa dos professores Yanomami sobre os povos do Xingu. Boa Vista : CCPY ; Manaus : Secoya, 2002. 42 p.
- CHAGNON, Napoleon A. The culture-ecology of shifting (pioneering) cultivation among the Yanomamo indians. In: GROSS, Daniel R. (Ed.). Peoples and cultures of native South America : an anthropological reader. New York : The American Museum of Natural Story, 1973. p. 126-44.* -------. L'ethnologie du déshonneur : brief response to Lizot. American Ethnologist, Washington : American Anthropological Association, v. 22, n. 1, p. 187-9, 1995.
- -------. Yanomamo : the last days of Eden. San Diego : Harcourt Brace Jovanovich, 1992. 309 p.
- -------. Yanomamo warfare, social organization and marriage alliances. Ann Arbor : Univ. of Michigan, 1966. 233 p. (Tese de Doutorado - University Microfilms International 67-08226)
- CHAVES, Cláudio do Carmo. Oncocercose ocular na Amazônia brasileira. Ribeirão Preto : USP/FMRP, 1994. 110 p. (Tese de Doutorado)
- CHIAPPINO, Jean; ALES, Catherine (Eds.). Del microscopio a la maraca. Caracas : Ex Libris, 1997. 402 p.
- CLAY, Jason (ed.). The impact of contact : two Yanomama case studies. Cambridge : Cultural Survival and Bennington College, 1983.
- COCCO, Luis. Iyëwei-Teri : quince años entre los Yanomamos. Caracas : Escuela Técnica Popular Don Bosco, 1972.
- COELHO, Giovanini Evelim et al. identificação de áreas de estratificação epidemiológica no foco de oncocercose na região Yanomami, Roraima, Brasil. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro : Fiocruz/ENSP, v. 14, n. 3, p. 607-11, jul./set. 1998.
- COLCHESTER, Marcus. The cosmovision of the Venezuelan Sanema. Antropológica, Caracas : Fundación La Salle de Ciencias Naturales, n. 58, p.97-122, 1982.* -------. Ecological modelling and indigenous systems of resource use : some examples from the Amazon of South Venezuela. Antropológica, Caracas : Fundación La Salle de Ciencias Naturales, n. 55, p. 51-72, 1981.
- CREWS, Douglas E. et al. Population genetics of apolipoprotein A4, E, and H polymorphisms in Yanomami indians of Northwestern Brazil : associations with lipids, lipoproteins, and carbohydrate metabolism. Human Biology, Detroit : Human Biology Council, v. 65, n. 2, p. 211-24, 1993.
- CUNHA, Manuela Carneiro da. O drama dos Yanomami: entrevista. Ciência Hoje, Rio de Janeiro : SBPC, v. 12, n. esp., p. 48-53, dez. 1991.
- DENIS, Richer. Pays perdu : avec les Maia, parias de l'Amazonie. Paris : Phebus, 1993. 159 p. (D'Ailleurs)
- DINIZ, Edson Soares. Aspectos das relações sociais entre os Yanomamo do Rio Catrimâni. Boletim do MPEG: Série Antropologia, Belém : MPEG, n. 39, 22 p., 1969.
- DONNER, Florinda. Shabono : uma viagem ao universo místico dos índios Yanomami. Rio de Janeiro : Record, 1994.
- DUARTE, Rogério; PELLEGRINO, Silvia Pizzolante. Agressão, aliança e reflexividade : a guerra yanomami por meio de uma experiência de comunicação. Sexta Feira: Antropologia, Artes e Humanidades, São Paulo : Pletora, n. 7, p. A57-A66, 2003.
- EARLY, John D.; PETERS, John F. The population dynamics of the Mucajai Yanomama. San Diego : Academic Press, 1990. 152 p.* -------. The Xilixana Yanomami of the Amazon : history, social structure, and population dynamics. Gainesville : Univ. Press of Florida, 2000. 335 p.
- EMIRI, Loretta. Amazzonia portatile. San Cesario di Lecce : Manni Editori, 2003. 120 p.* -------. Cartilha Yãnomame. Monte Urano : Missão Catrimâni, 1982. 111 p.
- -------. Dicionário yãnomamè-português. São Paulo : CPI-RR, 1987. 95 p.
- -------. Gramática pedagógica da língua yãnomamè. Boa Vista : Missão Catrimâni, 1981. 76 p.
- -------. Leituras yãnomamè. Monte Urano : Missão Catrimâni, 1982. 72 p.
- -------. Mulher entre três culturas : ítalo-vrasileira “educada” pelos Yanomami. São Paulo : Edicon, 1992. 64 p.
- -------. Yanomami para brasileiro ver. Fermo : CPI-RR, 1994. 56 p.
- ESCUELA INTERCULTURAL BILÍNGÜE YANOMAMI. Yoahiwe. São Gabriel da Cachoeira : Diocese de São Gabriel da Cachoeira ; Manaus : Isma, 1993. 230 p. (Texto de Leitura, 1)
- ESPOSITO, Rubens. Yanomami : um povo ameaçado de extinção. Rio de Janeiro : Dunya, 1998. 114 p.
- EUSEBI, Luigi. A barriga morreu! : o genocídio dos Yanomami. São Paulo : Loyola, 1991. 149 p.
- FERGUSON, R. B. Yanomami warfare : a political history. Santa Fe : School of Amer. Res. Press, 1995. 464 p.
- FINKERS, Juan. Los Yanomami y su sistema alimenticio (Yanomami nii pe). s.l. : Vicariato Apostolico de Puerto Ayacucho, 1986. 262 p. (Monografia, 2)
- FONDATION CARTIER POUR L'ART CONTEMPORAIN. Yanomami : l'esprit de la foret - Catalogue Exposition. Paris : Fondation Cartier, 2003. 206 p.
- FREDLUNG, Eric Victor. Shitari yanomamo incestuous marriage : a study of the use of structural, lineal and biological criteria when classifying marriages. Pennsylvania : Pennsylvania State University, 1982. 180 p. (Ph. D. Dissertation - University Microfilms International 82-13302)
- FUENTES, Emilio. Los Yanomami y las plantas silvestres. Antropológica, Caracas : Fundación La Salle de Ciencias Naturales, n. 54, p.3-138, 1980.
- FUNDAÇÃO NACIONAL DE SAÚDE. Projeto saúde Yanomami. Brasília : Funasa, 1991. 71 p.
- GARCIA, Maria Isabel Eguilor. Yopo, shamanes y hekura : aspectos fenomenologicos del mundo sagrado Yanomami. Caracas : Libreria Editorial Salesiana, 1984. 244 p.
- GOOD, Kenneth; CHAGNOFF, David. Dentro do coração : uma viagem inesquecível pela cultura Yanomami e pelos caminhos do amor. Sao Paulo : Best Seller, 1991.* -------. Into the heart : one man's pursuit of love and knowledge among the Yanomama. New York : Simões & Schuster, 1991. 349 p.
- HAMES, Raymond B. The settlement pattern of a Yanomamo population bloc : a behavioral ecological interpretation. In: HAMES, Raymond B.; VICKERS, William T. (Eds.). Adaptive responsees of native amazonians. New York : Academic Press, 1983. p. 393-428.
- HANBURY-TENISON, Robin. Les aborigènes de l'Amazonie : les Yanomami. Amsterdan : Time-Life, 1982. 168 p.
- ISTRIA, Jacques; GAZIN, Pierre. O estado nutricional de crianças Yanomami do médio Rio Negro, Amazônia. Rev. da SBTM, s.l. : SBTM, v. 35, n. 3, p. 233-6, mai./jun. 2002.
- JANK, Margaret. Mission : Venezuela - reaching a new tribe. Sanford : New Tribes Mission, 1977.
- KERJEAN, Alain. L'adieu aux Yanomami. Paris : A. Michel, 1991. 248 p. (Aventures Albin Michel)
- LAUDATO, Luís. Yanomami Pey Keyo. Brasília : Univ. Católica Brasília, 1998. 326 p.
- LIZOT, Jacques. La agricultura Yanomami. Antropológica, Caracas : Fundación La Salle de Ciencias Naturales, n. 53, p. 3-93, 1980.* -------. O círculo dos fogos : feitos e ditos dos índios Yanomami. São Paulo : Martins Forntes, 1988.
- -------. Contribution à l'étude de la technologie Yanomami. Antropológica, Caracas : Fundación La Salle de Ciencias Naturales, n. 38, p. 15-33, 1974.
- -------. Diccionario Yanomami-Español. Caracas : Universidad Central de Venezuela, división de Publicaciones, 1975.
- -------. On warfare : an answer to N. A. Chagnon. American Ethnologist, Arlington : American Anthropological Association, v. 21, n. 4, p. 845-62, 1994.
- -------. Poison Yanomami de chasse, de guerre et de pêche. Antropológica, Caracas : Fundación La Salle de Ciencias Naturales, n. 31, p. 3-20, 1972.
- -------. El rio de los Periquitos : breve relato de un viaje entre los Yanomami del Alto Siapa. Antropológica, Caracas : Fundación La Salle de Ciencias Naturales, n. 37, p. 3-23, 1974.
- -------. Tales of the Yanomami : daily life in the Venezuelan forest. Cambridge : Cambridge Univ. Press ; Paris : Maison des Sciences de l'Homme, 1985. 218 p.
- -------. Los Yanomami. In: COPPENS, Walter (Ed.). Los aborigenes de Venezuela. v.3. Caracas : Fundación la Salle de Ciencias Naturales ; Monte Avila Eds, 1988. p. 479-583.
- -------. Los Yanomami ante su destino. Antropológica, Caracas : Fundación La Salle, n. 90, p. 3-18, 1998/1999.
- -------; COCCO, Luis; FINKERS, Juan. Mitologia Yanomami. Quito : Abya-Yala ; Roma : MLAL, 1991. 260 p. (Colección 500 Años, 39)
- LOBO, Maria Stella de Castro. O caso Yanomami do Brasil : uma proposta estratégica de vigilância epidemiológica. Rio de Janeiro : Fiocruz, 1996. 128 p. (Dissertação de Mestrado)* -------; BLOCH, Katia et al. Pressão arterial, glicemia capilar e medidas antropometricas em uma população Yanomami. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro : Fiocruz, v. 9, n. 4, p. 428-38, out./dez. 1993.
- MacMILLAN, Gordon. At the end of the rainbow? : gold, land, and people in the Brazilian Amazon. New York : Columbia University Press, 1995. 216 p. (Perspectives in Biological Diversity Series)
- MAGALHÃES, Edgard Dias. O Estado e a saúde indígena : a experiência do Distrito Sanitário Yanomami. Brasília : UnB, 2001. 203 p. (Dissertação de Mestrado)
- MARMORI, Margareth. A história do conflito. Ciência Hoje, Rio de Janeiro : SBPC, v. 12, n. esp., p. 54-6, dez. 1991.
- MELANCON, Thomas F. Marriage and reproduction among the Yanomamo indians of Venezuela. Pennsylvania : Pennsylvania State University, 1982. (Tese de Doutorado - University Microfilms International 82-13331)
- MIGLIAZZA, Ernesto. Linguistic prehistory and the refuge model in Amazonia. In: PRANCE, G. T. (Org.). Biological diversification in the tropic. New York : Columbia University Press, 1982. p. 497-519.* -------. Notas sobre a organização social dos Xiriana do rio Uraricaá. Boletim do MPEG: Série Antropologia, Belém : MPEG, n. 22, 1964.
- -------. Yanomama grammar and intelligibility. s.l. : University of Indiana, 1972. (Tese de Doutorado)
- MILLIKEN, William; ALBERT, Bruce. The construction of a new Yanomami round-house. Journal of Ethnobiology, s.l. : s.ed., v. 17, n. 2, p. 215-33, 1997.* -------. The use of medicinal plants by the Yanomami indians of Brazil. Economic Botany, Bronx : The New York Botanical Garden, v. 50, n. 1, p. 10-25, 1996.
- -------. The use of medicinal plants by the Yanomami indians of Brazil, part II. Economic Botany, Bronx : New York Botanical Garden, v. 51, n. 3, p. 264-78, 1997.
- MILLIKEN, William; ALBERT, Bruce; GOMEZ, Gale Goodwin. Yanomami : a forest people. Kew : Royal Botanic Gardens, 1999. 169 p.
- MONTOYA, Ruben Antonio. El pueblo Yanomami : ocupación capitalista de la tierra y genocídio. In: CASTRO, Edna M. Ramos de; MARIN, Rosa E. Acevedo (Orgs.). Amazônias em tempo de transição. Belém : UFPA-Naea, 1989. p. 103-50. (Cooperação Amazônica, 4)
- MORAES, Mário A. P. Oncocercose entre os índios Yanomami. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro : Fiocruz, v. 7, n. 4, p. 503-14, out./dez. 1991.
- MOREIRA, Memélia. A estratégia do genocídio Yanomami. In: RICARDO, Carlos Alberto (Ed.). Povos Indígenas no Brasil : 1987/88/89/90. São Paulo : Cedi, 1991. p. 162-4. (Aconteceu Especial, 18)
- MUSKEN, R. Les Yanomami ne passent plus sur CNN. Libertés!, s.l. : s.ed., n. 324, p. 3-4, 1996.
- NICHOLAS, George P. The yanomami in the classroom. Cultural Survival Quarterly, Cambridge : Cultural Survival, v. 16, n. 2, p. 28-30, maio 1992.
- OLIVEIRA, Cláudio Esteves de; FRANCISCO, Deise Alves. Projeto de saúde Yanomami no Demini, Tootobi e Balawaú. In: RICARDO, Carlos Alberto (Ed.). Povos Indígenas no Brasil : 1991/1995. São Paulo : Instituto Socioambiental, 1996. p. 213-5.* -------. Quarto relatório de atividades de saúde na Área Yanomami : Demini - Toototobi - Balawau - dezembro de 1993 a setembro de 1994. São Paulo : CCPY, 1994. 20 p.
- -------. Quinto relatório de atividades de saúde na Área Yanomami : Toototobi - Balawau - Demini - 1994. São Paulo : CCPY, 1995. 24 p.
- -------. Sétimo relatório de atividades de saúde na área Yanomami - Toototobi, Balalaw, Demini : 1996. São Paulo : CCPY, 1997. 32 p.
- -------. Sexto relatório de atividades de saúde na área Yanomami - Toototobi, Balawau, Demini - 1995 : considerações históricas e socio-ambientais de importância epidemiológica. São Paulo : CCPY, 1996. 60 p.
- -------. Terceiro relatório de atividades de saúde na Área Yanomami : Demini - Toototobi - Balawau - abril a novembro de 1993. São Paulo : CCPY, 1994. 76 p.
- OLIVETTI DO BRASIL S.A (Ed.). Mitopoemas Yanomami. São Paulo : Olivetti, 1978.
- PASSARINHO, Jarbas. Terras dos Yanomami. Carta, Brasília : Gab. Sen. Darcy Ribeiro, n. 9, p. 241-54, 1993.
- PAULA, Jayter Silva de. Tracoma em índios Yanomami do Médio Rio Negro. Ribeirão Preto : FMRB, 2002. 103 p. (Tese de Doutorado)
- PELLEGRINI, Marcos A. Do alto da cedrorana. In: RICARDO, Carlos Alberto (Ed.). Povos Indígenas no Brasil : 1991/1995. São Paulo : Instituto Socioambiental, 1996. p. 245-6.* -------. Falar e comer : um estudo sobre os novos contextos de adoecer e buscar tratamento entre os Yanomame do Alto Parima. Florianópolis : UFSC, 1998. 160 p. (Dissertação de Mestrado)
- -------. O lugar dos Yanomami doentes no sistema único de saúde. In: RICARDO, Carlos Alberto (Ed.). Povos Indígenas no Brasil : 1991/1995. São Paulo : Instituto Socioambiental, 1996. p. 211-2.
- -------. Wadubari. Habana : Casa de las Americas, 1991. 132 p.
- -------. Wadubari. São Paulo : Marco Zero, 1993. 132 p.
- PETERS, John F. Life among the Yanomami. Ontário : Broadview Press, 1998.
- PITHAN, Oneron A.; CONFALONIERI, Ulisses E. C.; MORGADO, Anastácio F. A situação de saúde dos índios Yanomami : diagnóstico a partir da casa do índio de Boa Vista, Roraima, 1987-1989. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro : Fiocruz, v. 7, n. 4, p. 563-80, out./dez. 1991.
- PY-DANIEL, Víctor. Oncocercose, uma endemia focal no hemisfério norte da Amazônia. In: BARBOSA, Reinaldo Imbrozio; FERREIRA, Efrem Jorge Gondim; CASTELLON, Eloy Guillermo (Eds.). Homem, ambiente e ecologia no estado de Roraima. Manaus : Inpa, 1997. p. 111-56.
- RABBEN, Linda. Demarcation - and then what? Cultural Survival Quarterly, Cambridge : Cultural Survival, v. 17, n. 2, p. 12-4, ago. 1993.* -------. Un natural selection : the Yanomami, the Kayapo and the Onslaught of civilisation. Londres : Pluto Press, 1998. 183 p.
- RAMIREZ, Henri. Hapa Të Pë Rë Kuonowei : mitologia Yanomami. Manaus : Isma, 1993. 238 p. (Texto de Leitura, 2)* -------. Iniciação a língua Yanomama : dialetos do médio rio Catrimani e de Xitei, curso de língua Yanomama. Boa Vista : Diocese de Roraima, 1994. 114 p.
- -------. Iniciação a língua yanomami. Manaus : Belvedere, 1992. 187 p.
- -------. Le parler Yanomami des Xamatauteri. Provence : Univ. de Provence, 1994. 430 p. (Tese de Doutorado)
- RAMOS, Alcida Rita. Auaris revisitado. Brasília : UnB, 1991. 72 p. (Série Antropologia, 117)* -------. Memórias Sanumá : espaço e tempo em uma sociedade Yanomami. São Paulo : Marco Zero ; Brasília : UnB, 1990. 344 p.
- -------. Old ethics die hard : the Yanomami and scientific writing. Brasília : UnB, 2001. 10 p. (Serie Antropologia, 302)
- -------. O papel político das epidemias : o caso Yanomami. In: BARTOLOME, Miguel A. (Coord.). Ya no hay lugar para cazadores : processo de extincción y transfiguración étnica en America Latina. Quito : Abya-Ayala, 1995. p. 55-91. (Biblioteca Abya-Yala, 23)
Publicado inicialmente na Série Antropologia, n. 153, da Universidade de Brasília, 1993.
- -------. Por falar em paraíso terrestre. Brasília : UnB, 1995. 10 p. (Série Antropologia, 191)
- -------. A profecia de um boato. Brasília : UnB, 1995. 22 p. (Série Antropologia, 188)
- -------. Rumor : the ideology of na inter-tribal situation. Antropológica, Caracas : Fundación La Salle de Ciencias Naturales, n. 51, p. 3-25, 1979.
- -------. Sanumá, Maiongong. In: RAMOS, Alcida Rita. Hierarquia e simbiose : relações intertribais no Brasil. São Paulo : Hucitec, 1980. p. 19-130.
- -------. Sanuma memories : Yanomami ethnography in times of crises. Madison : Univ. of Wisconsin Press, 1995. 366 p.
- -------. The social system of the Sanuma of northern Brazil. Wisconsin : University of Wisconsin, 1972. 209 p. (Tese de Doutorado - University Microfilms International 72-23759)
- -------. Tierra y supervivencia cultural yanomami. IWGIA: Boletín, Copenhagen : IWGIA, n. 1, p. 13-20, jul./ago. 1991.
- -------. Yanomami : a homeland undermined. IWGIA: Newsletter, Copenhagen : IWGIA, s.n., p. 13-20, 1991.
- -------. Yanomami and gender toward a Sanuma theory of knowledge. Brasília : UnB, 1996. 19 p. (Série Antropologia, 202)
- RE, Giorgio; RE, Fabrizio. Gli ultimi Yanomami. Torino : Point Couleur, 1984. 338 p.* -------. Um mergulho na pré-historia : Os últimos Yanomami? A aventura de dois méddicos em visita aos irmãos Laudato, entre os Yanomami. Manaus : Calderaro, 1988. 256 p.
- RESTREPO G., Amparo. La mujer Yanomami. Ethnia, Nedellin : Instituto Misionero de Antropologia, n. 72, p. 4-60, 1993.
- RICARDO, Carlos Alberto. O massacre de Hwaximeutheri : questões limite na fronteira. Tempo e Presença, Rio de Janeiro : Cedi, v. 15, n. 270, p. 27-30, jul./ago. 1993.
- RICCIARDI, Mirella. Vanishing Amazon. Londres : Weidenfeld and Nicolson, 1991. 240 p.
- RIFKIN, Jeffery. Ethnography and ethnocide : a case study of the Yanomami. Dialectical Anthropology, Amsterdã : Elsevier Science Publishers, v. 19, n. 23, p. 295-327, 1994.
- RITCHIE, M. Spirit of the rain-forest : a yanomamo shaman's story. Chicago : Island Lake Press, 1996. 271 p.
- RIVIÈRE, Peter. AAE na Amazônia. Rev. de Antropologia, São Paulo : USP, v. 38, n. 1, p. 191-203, 1995.
- ROCHA, Jan. Murder in the rainforest : the Yanomami, the gold miners and the Amazon. Londres : Survival International, 1999. 96 p.
- ROYERO, Ramiro. Algunos aspectos de la etnoictiologia y la historia natural de los Yanomami del alto rio Siapa y rio mavaca, Estado Amazonas, Venezuela. Antropológica, Caracas : Fundación La Salle, n. 84, p. 73-96, 1994/1996.
- SAFFIRIO, Giovanni. Ideal and actual kinship terminology among the Yanomama indians of the Catrimani river basin (Brazil). Pittsburgh : Univ. of Pittsburgh, 1985. 244 p. (Tese de Doutorado)* -------. Some social and economic changes among the Yanomama of northern Brazil (Roraima) : a comparison of "forest" and "highway" villages. Pittsburgh : Univer. of Pittsburgh, 1980. 119 p. (Dissertação de Mestrado)
- SALAMONE, Frank A. (Ed.). Who speaks for the Yanomamo? s.l. : s.ed., 1996. (Studies in Third World Societies, 57)* -------. The Yanomami and their interpreters : fierce peoples or fierce academics? Laham : Univer. Press of America, 1997. 140 p.
- SALDANHA, Paula; WERNECK, Roberto. Expedições, terras e povos do Brasil : Yanomamis e outros povos indígenas da Amazônia. Rio de Janeiro : Edições del Prado, 1999. 95 p.
- SÁNCHEZ, Pedro; JAFFÉ, Klaus. Los Yanomami y el cacao : dos realidades. Interciencia, Caracas : Interciencia Association, v. 17, n. 2, p. 71-2, mar./abr. 1992.
- SHAPIRO, Judith Era. Sex roles and social structure among the Yanomama indians of Northem Brazil. New York : Columbia University, 1972. (Tese de Doutorado - University Microfilms International 72-28096)
- SILVA, Orlando Sampaio. Notas sobre algunos pueblos indígenas de la frontera amazónica de Brasil en otros paises de sudamerica. In: JORNA, P.; MALAVER, L.; OOSTRA, M. (Coords.). Etnohistoria del Amazonas. Quito : Abya-Yala ; Roma : MLAL, 1991. p. 117-32. (Colección 500 Años, 36)
- SIMIONI, Tenn. Piloto Ianomami. Belém : Cejup, 1994. 320 p.
- SOLARTE, Benhur Ceron. El manejo indígena de la selva pluvial tropical : orientaciones para un desarrollo sostenido. Quito : Abya-Yala ; Roma : MLAL, 1991. 256 p. (Colección 500 Años, 43)
- STANFORD, Zent; WAGNER, Erika. El mito de los Yanomami y el cacao. Interciencia, Caracas : Interciencia, v. 17, n. 2, p. 70-1, mar./abr. 1992.
- TAYLOR, Kenneth Iain. Sanumá fauna : prohibitions and classifications. Caracas : Fundación La Salle de Ciencias Naturales, 1974. (Monografia, 18)* -------. Sanumá food prohibitions and Para-totemic classification. Antropológica, Caracas : Fundación La Salle de Ciencias Naturales, n. 51, p. 63-92, 1979.
- -------. Sanuma (Yanoama) food prohibitions the multiple classification of society and fauna. Wisconsin : University of Wisconsin, 1972. 230 p. (Tese de Doutorado - University Microfilm International 72-23766)
- THIELE, Richard A. Interrogatives in Yanomam. Brasília : SIL, 1993. 51 p. (Arquivo Lingüístico)
- TIERNEY, Patrick. Darkness in Eldorado : how scientists and journalists devastated the Amazon. New York : W.W. Norton & Company, 2000. 446 p.* -------. Last tribes of El Dorado : the gold wars in the Amazon rain forest. New York : Viking, 1995.
- TRUPP, Fritz. The Yanomami. In: --------. The last indians : South America's cultural heritage. Wörgl (Áustria) : Perlinger, 1981. p. 13-44.
- TURNER, Terence; YANOMAMI, Davi Kopenawa. "I fight because I am alive" : an interview with Davi Kopenawa Yanomami. Cultural Survival Quarterly, Cambridge : Cultural Survival, v. 15, n. 3, p. 59-64, ago. 1991.
- URIHI-SAÚDE YANOMAMI. Hura taatima a the a oni : manual do microscopista Yanomami. Boa Vista : Urihi, 1999. 39 p.* -------. Manual terapêutico : um guia dos principais esquemas de tratamento para uso pelos profissionais de saúde da área Yanomami. Boa Vista : Urihi, 2000. 67 p.
- VALERO, Helena. Yo soy Napëyoma : relato de una mujer raptada por los indígenas Yanomami. Caracas : Fundación La Salle, 1984. 550 p.
- VARGA, Istvan Van Deursen. Histórias que os médicos deviam aprender a contar. Tempo e Presença, Rio de Janeiro : Cedi, v. 13, n. 260, p. 23-5, nov./dez. 1991.
- VERDUM, Ricardo. Os Yawaripe : contribuição a história do povoamento Yanomami. Brasília : UnB, 1996. 184 p. (Dissertação de Mestrado)
- VILA, Marciano Figueira da. Estudo das alterações oculares na região oncocercitica Yanomami. São Paulo : Unifesp/EPM, 1992. (Tese de Doutorado)
- VUUREN, Chris van. To fight over women and to lose your land : violence in anthropological writing and the Yanomamo of Amazonia. Unisa Latin American Report, Pretoria : Univ. of South Africa, v. 10, n. 2, p. 10-20, 1994.
- WEIDMANN, Karl; BOADAS, Antônio; LIZOT, Jacques; PEREZ, Antônio. La Amazonía Venezolana. Caracas : Fundación Polar, 1981. 116 p.
- WILBERT, Johannes; SIMONEAU, Karin (Eds.). Folk literature of the Yanomami indians. Los Angeles : Univ. of California, 1990. 826 p. (Ucla Latin American Studies, 73)
- YANOMAMI, Davi Kopenawa. Fièvres de l'or. Ethnies, Paris : Survival International, v. 7, n. 14, p. 39-44, 1993.* -------. Xawara : o ouro canibal e a queda do céu - Entrevista. In: RICARDO, Carlos Alberto (Ed.). Povos Indígenas no Brasil : 1987/88/89/90. São Paulo : Cedi, 1991. p. 169-71. (Aconteceu Especial, 18)
- Apocalypse now. Dir.: Campos Ribeiro; Darrell Posey; Palmerio Dora. Vídeo cor, 12 min., 1991. Prod.: Campos Produções Ltda
- Boca do ouro. Dir.: César P. Mendes. Vídeo Cor, HI-8 e U-Matic, 26 min., 1992. Prod.: CPCE
- El cielo caera sobre la tierra. Dir.: Ricardo Franco; José Lozano. Filme cor, 16 mm, 55 min., 1992. Prod.: Ricardo G. Arroyo; Felix Tusell.
- David contra Golias : Brasil Caim. Dir.: Aurélio Michiles. Vídeo Cor, VHS/NTSC, 10 min., 1993. Prod.: Cedi/PIB
- La maison et la foret. Dir.: Volkmar Ziegler. Filme cor, 16 mm, 58 min., 1993. Prod.: Volkmar Ziegler; Pierrette Birraux.
- Moon, jungle, fire and earth. Dir.: Pier Brinkman. Vídeo cor, U-Matic/NTSC, 20 min., 1992. Prod.: Humaniste League.
- Ouro em Roraima : a extinção dos Yanomami. Vídeo cor, PAL-M, 42 min., 1995. Prod.: Wolfang Brog
- Pau-Brasil. Dir.: André Luís. Vídeo Cor, HI-8 e U-Matic, 5 min., 1992. Prod.: CPCE
- Pintura corporal : uma pele social. Dir.: Delvair Montagner. Vídeo Cor, HI-8/Betacam SP, 20 min., 1994. Prod.: CPCE
- Povo da lua, povo do sangue. Dir.: Marcelo Tássara. Filme cor, 27 min., 1983. Prod.: Marcelo Tássara; Funarte.
- Yanomami : extermínio e morte. Dir.: Delvair Montagner. Vídeo Cor, HI-8 e U-Matic, 30 seg., 1993. Prod.: CPCE; Fórum em Defesa dos Direitos Indígenas
- Yanomami : keepers of the flame. Dir.: Adolfo Rudy Vargas. Vídeo cor, VHS, 58 min., 1992. Prod.: California State Polythechnic University
- Yanomami : povo sem futuro. Dir.: Delvair Montagner. Vídeo Cor, HI-8 e U-Matic, 30 seg., 1993. Prod.: CPCE; Fórum em Defesa dos Direitos Indígenas
- Mekarõn : amazone indianen. Amsterdam : Awí Productions, 1992. (CD)
Bruce Albert entrevista Davi Kopenawa
Xawara - O ouro canibal e a queda do céu
Em entrevista concedida ao Cedi, em Brasília, no dia 09 de março de 1990, Davi Kopenawa Yanomami respondeu na própria língua às perguntas do antropólogo Bruce Albert, revelando a visão do jovem pajé da aldeia Demini sobre o drama vivido atualmente pelo o seu povo. Bruce - Gostaria que você contasse o que os Yanomami falam das epidemias que assolam o seu território por causa da invasão garimpeira.
Davi - Vou te dizer o que nós pensamos. Nós chamamos estas epidemias de xawara. A xawara que mata os Yanomami. É assim que nós chamamos epidemia. Agora sabemos da origem da xawara. No começo, nós pensávamos que ela se propagava sozinha, sem causa. Agora ela está crescendo muito e se alastrando em toda parte. O que chamamos de xawara, há muito tempo nossos antepassados mantinham isto escondido. Omamë [o criador da humanidade yanomami e de suas regras culturais] mantinha a xawara escondida. Ele a mantinha escondida e não queria que os Yanomami mexessem com isto. Ele dizia: "não ! não toquem nisso!" Por isso ele a escondeu nas profundezas da terra. Ele dizia também: "Se isso fica na superfície da terra, todos Yanomami vão começar a morrer à toa!"
Tendo falado isso, ele a enterrou bem profundo. Mas hoje os nabëbë, os brancos, depois de terem descoberto nossa floresta, foram tomados por um desejo frenético de tirar esta xawara do fundo da terra onde Omamë a tinha guardado. Xawara é também o nome do que chamamos booshikë, a substância do metal, que vocês chamam "minério". Disso temos medo. A xawara do minério é inimiga dos Yanomami, de vocês também. Ela quer nos matar. Assim, se você começa a ficar doente, depois ela mata você. Por causa disso, nós, Yanomami, estamos muitos inquietos. Quando o ouro fica no frio das profundezas da terra, aí tudo está bem. Tudo está realmente bem. Ele não é perigoso. Quando os brancos tiram o ouro da terra, eles o queimam, mexem com ele em cima do fogo como se fosse farinha. Isto faz sair fumaça dele. Assim se cria a xawara, que é esta fumaça do ouro. Depois, esta xawara wakëxi, esta "epidemia-fumaça", vaise alastrando na floresta, lá onde moram os Yanomami, mas também na terra dos brancos, em todo lugar. É por isso que estamos morrendo. Por causa desta fumaça. Ela se torna fumaça de sarampo. Ela se torna agressiva e quando isso acontece ela acaba com os Yanomami.
Quando os brancos guardam o ouro dentro de latas, ele também deixa escapar um tipo de fumaça. É o que dizem os mais velhos, os verdadeiros anciãos que são grandes pajés. Quando os brancos secam o ouro dentro de latas com tampas bem fechadas e deixam estas latas expostas à quentura do sol, começa a sair uma fumaça, uma fumaça que não se vê e que se alastra e começa a matar os Yanomami. Ela faz também morrer os brancos, da mesma maneira. Não são só os Yanomami que morrem. Os brancos podem ser muito numerosos, eles acabarão morrendo todos também. É isto que os Yanomami falam entre eles.
Quando esta fumaça chega no peito do céu [para os Yanomami, o céu tem "costas"(onde moram os fantasmas, o trovão e diversas criaturas sobrenaturais) e um "peito", que é a abóbada celeste vista pelos humanos], ele começa também a ficar muito doente, ele começa também a ser atingido pela xawara. A terra também fica doente. E mesmo os hekurabë, os espíritos auxiliares dos pajés [espíritos descritos como humanóides miniaturas e que são manipulados pelos pajés ( considerados seus "pais") para curar, agredir, influir sobre fenômenos e entidades cosmológicas etc.], ficam muito doente. Mesmo Omamë está atingido. Deosimë (Deus) também. É por isso que estamos agora muito preocupados. "Os pajés que já morreram vão querer se vingar, vão querer cortar o céu em pedaços para que ele desabe em cima da terra. Nós queremos contar tudo isso para os brancos, mas eles não escutam."
Tem também a fumaça das fábricas. Vocês pensam que Deomisë pode afugentar esta xawara, mas ele não pode repelir está fumaça. Ele também vai ficar morrendo disso. Mesmo sendo um ser sobrenatural, ele vai ficar muito doente. Nós sabemos que as coisas andam assim, por isso estamos passando estas palavras para vocês. Mas os brancos não dão atenção. Eles não entendem isso e pensam simplesmente: "esta gente está mentindo". Não há pajés entre os brancos, é por isso . Nós Yanomami temos pajés que inalam o pó de yakõana [pó tirado da resina da árvore Virola elongata, que tem propriedades alucinógenas], que é muito potente, e assim sabemos da xawara e ficamos muito inquietos. Não queremos morrer. Nós queremos ficar numerosos. Mas agora que os garimpeiros nos viram e se aproximaram de nós, apesar do fato de que Omamë tem guardado o ouro embaixo da terra, eles estão retirando grandes quantidades dele, cavando o chão da floresta. Por isso, agora, xawara cresceu muito. Ela está muito alta no céu, alastrou-se muito longe. Não são só os Yanomami que morrem. Todos vamos morrer juntos. Quando a fumaça encher o peito do céu, ele vai ficar também morrendo, como um Yanomami. Por isso, quando ficar doente, o trovão vai-se fazer ouvir sem parar. O trovão vai ficar doente também e vai gritar de raiva, sem parar, sob o efeito do calor. Assim, o céu vai acabar rachando. Os pajés yanomami que morreram já são muitos, e vão querer se vingar... Quando os pajés morrem, os seus hekurabë, seus espíritos auxiliares, ficam muitos zangados. Eles vêem que os brancos fazem morrer os pajés, seus "pais". Os hekurabë vão querer se vingar, vão querer cortar o céu em pedaços para que ele desabe em cima da terra; também vão fazer cair o sol, e, quando o sol cair, tudo vai escurecer. Quando as estrelas e a lua também caírem, o céu vai fica escuro. Nós queremos contar tudo isso para os brancos, mas eles não escutam. Eles são outra gente, e não entendem. Eu acho que eles não querem prestar atenção. Eles pensam: "esta gente está simplesmente mentindo". É assim que eles pensam. Mas nós não mentimos Eles não sabem destas coisas. É por isso que eles pensam assim. Os brancos parecem aumentar muito, mas, mais tarde, os Yanomami acabarão tendo a sua vingança. Isso porque os hekurabë estão aqui conosco e o céu também está, bem como o espírito de Omamë, que nos diz "não! Não ficam desesperados! Mais tarde nós vamos Ter nossa vingança! Os garimpeiros, o governo, estes brancos que não gostam de nós... eles são outra gente, por isso eles querem nos fazer morrer. Mas nós teremos nossa vingança, eles também acabarão morrendo"... É assim também que pensam os hekurabë: "sim! teremos nossa vingança!". Nós, os pajés, também trabalhamos para vocês, os brancos. Por isso, quando os pajés todos estiverem mortos, vocês não conseguirão livrar-se dos perigos que eles sabem repelir.
Vocês ficarão sozinhos na terra e acabarão morrendo também. Quando o céu ficar realmente muito doente, não se terá mais pajés para segurá-lo com os seus hekurabë. Os brancos não sabem segurar o céu no seu lugar. Eles só ouvem a voz dos pajés, mas pensam, sem saber das coisas: "eles estão falando à toa, é só mentira!". Quando os pajés ainda estão vivos, o céu pode estar muito doente, mas eles vão conseguir impedir que ele caia. Sim, ainda que ele queira cair, que ele comece a querer desabar em direção à terra, os pajés seguram ele no lugar. Isso porque nós, os Yanomami, nós ainda estamos existindo. Quando não houver mais Yanomami, aí o céu vai cair de vez. São os hekurabë dos pajés que seguram o céu. Ele pode começar a rachar com muito barulho, mas eles conseguem consertá-lo e o fazem ficar silencioso de novo. Quando nós, os Yanomami, morrermos todos, os hekurabë cortarão os espíritos da noite, que cairão. O sol também acabará assim. Nos primeiros tempos, o céu já caiu, quando ele estava ainda frágil [antes desta queda do céu, morava na terra uma humanidade Yanomami que foi precipitada no mundo subterrâneo, onde se transformou num povo de monstros canibais]. Agora, ele está solidificado, mas, apesar disso, os hekurabë vão querer quebrá-lo. Eles também vão querer rasgar a terra. Um pedaço rasgar-se-á por aqui, outro por aí, outro ainda numa outra direção. Tudo isso também cairá, todos cairão do outro lado da terra e todos morrerão juntos. É assim que serão as coisas, por isso estamos ficando muito inquietos. Mas os grandes pajés, os mais velhos, dizem-nos: "não! Não fiquem inquietos! Mais tarde, teremos nossa vingança! Da mesma maneira que eles estão-nos fazendo morrer, nós também provocaremos sua morte!" É assim que os pajés falam.
Os hekurabë são muito valentes. Quando seus "pais", os velhos pajés, morrem, eles ficam com uma raiva-de-luto muito grande. Eles querem muito vingar-se. Aí, eles começam a cortar o peito do céu. Mas outros hekurabë, que pertencem aos pajés que ficaram vivos, seguram-nos, dizendo: "Não! Não façam isso! Ainda há outros pajés vivos! Os pajés mais jovens estão ficando no lugar dos mais velhos!"... Falando assim, eles conseguem impedir a queda do céu. "Os espíritos da xawara, os xawararibë, estão aumentando muito... Eles são tão numerosos quanto os garimpeiros, tão numerosos quanto os brancos. Por isso não conseguimos juntar-nos o suficiente para lutar".
Bruce - Os pajés e seus hekurabë estão tentando lutar contra a xawara. Como é esta luta?
Davi - Nós queremos acabar com a xawara. Mas ela é muito resistente. Ela é toda enrugada e elástica... como borracha. Os hekurabë não conseguem cortá-la com suas armas e ela acaba segurando-os quando a atacam. Quando ela consegue, assim, apoderar-se dos hekurabë, seus "pais", os pajés, morrem. Só mandando muitos outros hekurabë, consegue-se arrancar os hekurabë que ela mantém presos. Aí, o pajé volta de novo à vida. Os espíritos da xawara, os xawararibë, estão aumentando muito. Por isso a fumaça da xawara é muito alta no céu. Eles são tão numerosos quanto os garimpeiros, tão numerosos quanto os brancos. Por isso não conseguimos juntar-nos o suficiente para lutar. Os brancos não se juntam a nós contra a xawara. Os seus ouvidos são surdos às palavras dos pajés. Somente você, que é outro, entende esta língua. Os brancos não pensam: "o céu vai desabar". Eles não se dizem: "a xawara está nos devorando". Por isso ela está comendo também um monte das suas crianças, ela acaba com elas, as devora sem parar, as mata e moqueia como se fossem macacos que ela anda caçando. Ela amontoa, assim, um monte de crianças moqueadas. Todos Yanomami que ela mata são moqueados e juntados, assim, pela xawara. Só quando tem o bastante é que ela pára. Ela mata um bocado de crianças de uma primeira vez e, um tempo depois ataca um outro tanto. É assim... xawara tem muita fome de carne humana; não quer caça nem peixes, ela só quer a carne do Yanomami, porque ela é uma criatura sobrenatural. Quando os pajés tentam afugentar a fumaça da xawara que está no céu com chuva, também não dá... Ela está muito alta, fica fora de alcance e não pode ser afugentada. É assim que falamos destas coisas entre nós. No começo, eu não sabia de nada disso. Foram os grandes pajés, os mais velhos, que me ensinaram a pensar direito... Não sabia, mas agora aprendi. Está bom assim? Se você me perguntar outra coisa, te darei outras palavras minhas.
Bruce - Se os garimpeiros não forem retirados das suas terras, o que você pensa que vai acontecer para o povo Yanomami? "Outros Yanomami não vão ser criados depois de nós. Quando os garimpeiros acabarem com os Yanomami, outros não vão surgir de novo assim..."
Davi - Se os garimpeiros continuam a andar em nossa floresta, se eles não voltam para o lugar deles, os Yanomami vão morrer, eles vão verdadeiramente acabar. Não vai haver pessoas para nos curar. Os brancos que nos curam, médicos e enfermeiras são poucos. Por isso, se os garimpeiros continuarem trabalhando em nossa mata, nós vamos realmente morrer, nós vamos acabar, só vai sobreviver um pequeno grupo de nós. Já morreu muita gente, e eu não queria que se deixasse morrer toda esta gente. Mas os garimpeiros não gostam de nós, nós somos outra gente e por isso eles querem que nós morramos. Eles querem ficar sozinhos trabalhando. Eles querem ficar sozinhos com nossa floresta. Por isso estamos muito assustados. Outros Yanomami não vão ser criados depois de nós. Quando os garimpeiros acabarem com os Yanomami, outros não vão surgir de novo assim...não vão, não. Omamë já foi embora deste mundo para muito longe e não vai criar outros Yanomami... não vai não.
Bruce - Você quer que eu traduza mais alguma coisa?
Davi - Agora você vai dar para os outros brancos as palavras que eu dei para você, e diga mais alguma coisa, você. Diga que, no começo, quando você morava lá... conte como a gente era, com boa saúde... Como a gente não morria à toa, a gente não tinha malária. Diga como a gente era realmente feliz. Como a gente caçava, como a gente fazia festas, como a gente era feliz. Você viu isto. Nós fazíamos pajelanças para curar. Hoje, os Yanomami nem fazem sua grandes malocas, que chamamos yano, só moram em pequenas tapiris no mato, embaixo de lona de plástico. Não fazem nem roça, nem vão caçar mais, porque eles ficam doentes o tempo todo. É isto.
VÍDEOS
Contato Direto
Conheça a Hutukara, associação yanomami
Outras leituras
Õkãpomai: A defesa da Terra Indígena Yanomami, especial web produzido por uma parceria entre Hutukara, ISA e Midia Ninja O massacre dos Yanomami de Haximu, por Bruce Albert
Foi genocídio!, por Luciano Mariz Maia
Yanomami discutem seus problemas em Assembléia, carta aberta redigida pela comunidade Watoriki (Demini), sob liderança de Davi Kopenawa Yanomami
Descobrindo os Brancos; Os pés do sol pisaram a floresta; Sonhos das origens, por Davi Kopenawa Yanomami
Xawara - O ouro canibal e a queda do céu, entrevista com Davi Kopenawa Yanomami
Ver também
Fonte:https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Yanomami#Fontes_de_informa.C3.A7.C3.A3o
Comentários
Postar um comentário