DOS EUA AO JAPÃO, MECANISMOS CONTRA ENCHENTES PODEM SERVIR DE LIÇÃO PARA TRAGÉDIA NO RIO GRANDE DO SUL-BRASIL

  Cidade-esponja chinesa

Dos EUA ao Japão, mecanismos contra enchentes podem servir de lição para tragédia do Rio Grande do Sul

Exemplos podem inspirar Porto Alegre e outras cidades brasileiras, mas especialistas defendem que cada local adapte as soluções para sua realidade

Por 

Felipe Gelani

 — Rio de Janeiro

19/05/2024 04h31  Atualizado há 44 minutos

Cidades-esponja, telhados verdes, diques extensos, túneis e reservatórios subterrâneos são algumas das soluções que países ao redor do mundo adotam para lidar com o desafio das inundações. Embora haja lições valiosas e exemplos inspiradores que podem ser usados em Porto Alegre e em outras cidades brasileiras, especialistas ouvidos pelo GLOBO ressaltam a importância de cada local encontrar suas próprias soluções.


Na Holanda, onde 26% do país está abaixo do nível do mar, um extenso sistema de diques de 22 mil quilômetros é vital, embora o país tenha apenas 880 quilômetros de costa. No entanto, com o aumento do nível do mar devido às mudanças climáticas, reformas nas comportas e elevação das barreiras serão necessárias para evitar inundações pelo Mar do Norte, avalia Franciele Zanandrea, especialista em Recursos Hídricos e professora do Departamento de Engenharia Agrícola e Meio Ambiente da UFF.



Outras soluções inovadoras incluem o conceito de cidade-esponja, que visa a transformar áreas urbanas em parques naturais para melhorar a drenagem e reduzir os riscos de alagamentos, e telhados verdes, que além de reduzir o calor, aumentam a eficiência dos painéis solares e melhoram a drenagem de águas pluviais.

— Essa ideia (de cidades-esponjas) está associada a um sistema de drenagem sustentável. O ciclo hidrológico natural, de infiltração de água no solo, fica prejudicado com a impermeabilização de áreas urbanas. Essas novas técnicas retém a água nas cidades sem alagar o local — afirma Zanandrea.

O professor da Escola de Engenharia Civil e Ambiental Marcio Giacomoni, da Universidade do Texas em San Antonio, contudo, diz que esse tipo de medida, embora seja importante para combater efeitos das mudanças climáticas, não seria eficaz para conter o volume da enchente que atingiu Porto Alegre, além de a gestão ser um fator complicador:

— Essas áreas ao redor de bacias hidrográficas fazem com que a água seja reservada e tenha melhor qualidade. Mas essas estruturas têm custo e são descentralizadas. Para um gestor ou entidade pública é mais fácil um sistema centralizado.


Fonte:https://oglobo.globo.com/um-so-planeta/noticia/2024/05/19/dos-eua-ao-japao-mecanismos-contra-enchentes-podem-servir-de-licao-para-tragedia-do-rio-grande-do-sul.ghtml

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