DEPOIMENTO DO
PRESIDENTE DA COSTA RICA, QUE MERECE SER REFLETIDO
Esse discurso é de 2009, mas parece que
nenhum dos presentes na refinada platéia, (Chavez, Morales, Lula, Rafael
Correa, Kirchner e outros mais apagados), conseguiu entender!
"Tenho a impressão de que cada vez
que os países caribenhos e latino-americanos se reúnem com o presidente dos
Estados Unidos da América, é para pedir-lhe coisas ou para reclamar coisas.
Quase sempre, é para culpar os Estados
Unidos de nossos males passados, presentes e futuros. Não creio que isso seja
de todo justo.
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Não podemos esquecer que a América Latina teve universidades antes
de que os Estados Unidos criassem Harvard e William & Mary, que são as
primeiras universidades desse país.
Não podemos esquecer que nesse continente, como no mundo inteiro,
pelo menos até 1750 todos os americanos eram mais ou menos iguais: todos eram pobres.
Ao aparecer a Revolução Industrial na Inglaterra, outros países
sobem nesse vagão:
Alemanha, França, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia
e aqui a Revolução Industrial passou pela América Latina como um cometa, e não
nos demos conta.
Certamente perdemos a oportunidade.
Há também uma diferença muito grande.
Lendo a história da América Latina, comparada com a história dos
Estados Unidos, compreende-se que a América Latina não teve um John
Winthrop espanhol, nem português, que viesse com a Bíblia em sua mão
disposto a construir uma Cidade sobre uma Colina, uma cidade que brilhasse,
como foi a pretensão dos peregrinos que chegaram aos Estados Unidos.
Faz 50 anos, o México era mais rico que Portugal. Em 1950, um país
como o Brasil tinha uma renda per capita mais elevada que o da Coréia do
Sul. Faz 60 anos, Honduras tinha mais riqueza per capita que Cingapura, e
hoje Cingapura em questão de 35 a 40 anos é um país com $40.000 de renda anual
por habitante.
Bem, algo nós fizemos mal, os latino-americanos.
Que fizemos errado?
Nem posso enumerar todas as coisas que fizemos mal. Para começar,
temos uma escolaridade de 7 anos. Essa é a escolaridade média da América Latina
e não é o caso da maioria dos países asiáticos.
Certamente não é o caso de países como Estados Unidos e Canadá, com a melhor educação do mundo, similar a dos europeus. De cada 10 estudantes que ingressam no nível secundário na América Latina, em alguns países, só um termina esse nível secundário. Há países que têm uma mortalidade infantil de 50 crianças por cada mil, quando a média nos países asiáticos mais avançados é de 8, 9 ou 10.
Certamente não é o caso de países como Estados Unidos e Canadá, com a melhor educação do mundo, similar a dos europeus. De cada 10 estudantes que ingressam no nível secundário na América Latina, em alguns países, só um termina esse nível secundário. Há países que têm uma mortalidade infantil de 50 crianças por cada mil, quando a média nos países asiáticos mais avançados é de 8, 9 ou 10.
Nós temos países onde a carga tributária é de 12% do produto
interno bruto e não é responsabilidade de ninguém, exceto nossa, que não
cobremos dinheiro das pessoas mais ricas dos nossos países.
Ninguém tem a culpa disso, a não ser nós mesmos. Em 1950, cada
cidadão norte-americano era quatro vezes mais rico que um cidadão
latino-americano.
Hoje em dia, um cidadão norte-americano é 10, 15 ou 20 vezes mais
rico que um latino-americano. Isso não é culpa dos Estados Unidos, é culpa
nossa.
No meu pronunciamento desta manhã, me referi a um fato que para
mim é grotesco e que somente demonstra que o sistema de valores do século XX,
que parece ser o que estamos pondo em prática também no século XXI, é um
sistema de valores equivocado.
Porque não pode ser que o mundo rico dedique 100.000 milhões de
dólares para aliviar a pobreza dos 80% da população do mundo "num planeta
que tem 2,5 bilhões de seres humanos com uma renda de $2 por dia" e que
gaste 13 vezes mais ($1.300.000.000.000) em armas e soldados.
*Como disse esta manhã, não pode ser que a América Latina gaste
$50 bilhões em armas e soldados.
Eu me pergunto: quem é o nosso inimigo?
Nosso inimigo, presidente Correa, desta desigualdade que o Sr.
aponta com muita razão, é a falta de educação; é o analfabetismo; é que não
gastamos na saúde de nosso povo; gastamos em funcionários públicos. Que não
criamos a infra-estrutura necessária, os caminhos, as estradas, os portos, os
aeroportos; que não estamos dedicando os recursos necessários para deter a
degradação do meio ambiente; é a desigualdade que temos que nos envergonhar
realmente; é produto, entre muitas outras coisas, certamente, de que não
estamos educando nossos filhos e nossas filhas.
Vá alguém a uma universidade latino-americana e parece no entanto
que estamos nos sessenta, setenta ou oitenta.
Parece que nos esquecemos de que em 9 de novembro de 1989
aconteceu algo de muito importante, ao cair o Muro de Berlim, e que o mundo
mudou.
Temos que aceitar que este é um mundo diferente, e nisso
francamente penso que os acadêmicos, que toda gente pensante, que todos os
economistas, que todos os historiadores, quase concordam que o século XXI é um
século dos asiáticos não dos latino-americanos.
E eu, lamentavelmente, concordo com eles. Porque enquanto nós
continuamos discutindo sobre ideologias, continuamos discutindo sobre todos os
"ismos" (qual é o melhor? capitalismo, socialismo, comunismo,
liberalismo, neoliberalismo, socialcristianismo...), os asiáticos encontraram
um "ismo" muito realista para o século XXI e o final do século XX,
que é o *pragmatismo*.
Para só citar um exemplo, recordemos que quando Deng Xiaoping
visitou Cingapura e a Coréia do Sul, depois de ter-se dado conta de que seus
próprios vizinhos estavam enriquecendo de uma maneira muito acelerada,
regressou a Pequim e disse aos velhos camaradas maoístas que o haviam acompanhado
na Grande Marcha:
"Bem, a verdade, queridos camaradas, é que a mim não importa
se o gato é branco ou negro, só o que me interessa é que cace ratos".
E se Mao estivesse vivo, teria morrido de novo quando disse que
"a verdade é que enriquecer é glorioso".
E enquanto os chineses fazem isso, e desde 1979 até hoje crescem a
11%, 12% ou 13%, e tiraram 300 milhões de habitantes da pobreza, nós
continuamos discutindo sobre ideologias que devíamos ter enterrado há muito
tempo atrás.
A boa notícia é que isto Deng Xiaoping o conseguiu quando tinha 74
anos.
Olhando em volta, queridos presidentes, não vejo ninguém que
esteja perto dos 74 anos.
Por isso só lhes peço que não esperemos completá-los para fazer as
mudanças que temos que fazer.
Muchas gracias."
* E os estudantes da USP continuam protestando para terem
liberdade de fumar maconha no campus.......
Protestar contra a corrupção do governo? nem pensar....
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